A Parceria InterAcademias para Saúde (IAP for Health) está lançando hoje a “Chamada à ação para enfrentar a sobrecarga crescente da demência”, documento assinado por mais de 50 membros da parceria – academias de medicina e de ciências de todo o mundo.

O texto destaca o fato de que em todo o mundo a proporção da população com mais de 65 anos cresceu nas últimas décadas, e que essa tendência deve continuar. Como o envelhecimento é um fator de risco para a demência, o número de portadores da doença vai triplicar até 2050, especialmente entre a população de países mais pobres.

Diversas doenças do cérebro estão associadas à demência, com muitos pacientes demonstrando mudanças de comportamento compatíveis com Alzheimer – a forma mais comum de demência – ou doenças cerebrovasculares.  Mas enquanto vamos aprendendo mais sobre fatores de risco usualmente associados à demência, como o hábito de fumar e a diabetes, a doença continua em lenta progressão, sendo diagnosticada depois que o processo já está instalado há anos.

Além disso, embora a demência seja rara em pessoas com menos de 60 anos, este não é o caso quando há prevalência de HIV/AIDS, como na África sub-saariana e outras regiões com baixa renda. Entre os jovens aidéticos destas regiões pode haver um aumento desproporcional de demência nos anos vindouros.

A demência afeta mais as mulheres do que os homens, sendo que elas resistem mais tempo com a doença. E são as mulheres que formam o maior contingente de cuidadores informais de pessoas com demência.

Assim, a declaração do IAP para Saúde faz recomendações específicas para governos e provedores de saúde pública, incluindo:

  • Conscientizar o público sobre demência, como conservar a saúde do cérebro e sobre a importância de aceitar as pessoas com demência em sua condição, valorizando as habilidades remanescentes.
  • Apoiar a pesquisa para descobrir e implementar abordagens efetivas, tanto farmacológicas como não-farmacológicas, para adiar, prevenir, ralentar, tratar, melhorar e eventualmente curar as causas mais comuns de demência.
  • Investir em sistemas nacionais de saúde, incluindo o treinamento de cuidadores em número suficiente, assim como providenciando infraestrutura para garantir que tratamento competente e personalizado esteja disponível para os doentes e seus familiares ou responsáveis em todos os estágios da doença.

“Nossa Chamada à Ação pretende desenvolver uma abordagem científica para a demência, baseada em evidências e orientada para a saúde pública”, explicou Howard Chertkow, coordenador do grupo de trabalho do IAP para Saúde. “Cada país deve fazer sua própria avaliação sobre o potencial de cada população, em relação à prevenção da demência, seguida de identificação precoce e tratamento efetivo da doença.”

O co-coordenador do IAP para a Saúde Depei Liu, da Academia Chinesa de Engenharia, afirmou: “ O crescimento da demência está afetando todos os países. O apelo do IAP é no sentido de que todas as Academias que são membros da parceria e representam a comunidade médica global- especialmente nos países mais pobres – conduzam essa divulgação aos seus respectivos governantes e através de suas redes de contatos, de forma que as recomendações sejam implementadas.”

Também co-coordenador do IAP para Saúde, Detlev Ganten, da Academia Nacional Alemã de Ciências Leopoldina, acrescentou: “Como toda as declarações do IAP, esta sobre demência foi cuidadosamente revisada e é a melhor fonte de informação imparcial para formuladores de políticas públicas nos ministérios de Saúde e Bem-Estar Social, para agências de cuidados médicos e outras instituições relevantes, assim como para tomadores de decisão em nível internacional. A demência está crescendo, especialmente em países com sociedades envelhecidas, e é hora de agir.”

Saiba mais sobre o IAP para a Saúde

O IAP para a Saúdeé uma das redes fundadas pela parceria InterAcademias (IAP), sendo formada por 78 academias de medicina e de seções médicas de academias de ciências e de engenharia. Seu compromisso é pela melhoria da saúde em todo o globo, e seus compromissos envolvem o fortalecimento da capacidade das academias de oferecer aconselhamento científico para governos no âmbito das políticas de saúde e ciência; o apoio à criação de novas academias; o apoio à criação e desenvolvimento de projetos pelas academias membro para fortalecer a pesquisa e a educação superior em seus países; e a elaboração d edocumentos consensuais em temas de importância para a saúde global. A secretaria do IAP para Saúde é hospedada pela Academia Mundial de Ciências (TWAS), em Trieste, na Itália.

Por meio do IAP, as academias de medicina e os braços médicos das academias de ciências vem produzindo declarações desde 2002, quando foi elaborada a primeira declaração sobre doenças infecciosas, “Controlando Infecções no Século XXI”. Desde então, as declarações têm abordado tópicos como os benefícios para a saúde global da mitigação das mudanças climáticas, uma chamada à ação para fortalecer a capacidade de pesquisa em países de média e baixa renda, e outra chamada voltada para cuidados médicos relativos à perda auditiva, publicada em 2015. As declarações anteriores podem ser encontradas aqui.

Contatos:

Peter McGrath
Coordenador do IAP, Trieste, Itália
Email: mcgrath@twas.org, iamp@twas.org
Tel: +39 040 2240 571; +39 040 2240 681

Howard Chertkow
Professor de neurologia, Universidade McGill; diretor científico do Consórcio Canadense de Neurodegeneração no Envelhecimento (CCNA, na sigla em inglês), Hospital Geral Judeu, Instituto de Pesquisa Lady Davis
Email: howard.chertkow@mcgill.ca
Tel: +1 514 340 8222