A tarde do dia 13 de abril foi de comemoração, mas também de muitas reinvindicações no Museu Nacional da UFRJ, na Quinta da Boa Vista do Rio de Janeiro. O Auditório Roquette Pinto recebeu amigos, familiares e convidados para a cerimônia de posse do novo diretor do museu, o paleontólogo e Acadêmico Alexander Kellner, e da vice-diretora, Cristiana Silveira Serejo.
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Kellner, que também é o editor-chefe dos Anais da Academia Brasileira de Ciências (ABC), aproveitou o momento para reforçar a necessidade de reposicionar o Museu Nacional como um ambiente de destaque na sociedade. O pesquisador relembrou que a criação do Museu foi uma iniciativa de Dom João VI e um reflexo da consciência da corte com a importância da ciência e educação. “Consciência essa que vemos faltar em algumas esferas sociais hoje. ”

O pesquisador afirmou que a vinculação do Museu com a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), em 1946, foi um momento de expansão da instituição, com visitações que atingiram mil pessoas por dia. Para ele, “o Museu é uma das principais joias da Coroa, e está na hora dessa joia voltar a brilhar. ”
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A arqueóloga e ex diretora Claudia Rodrigues de Carvalho, que deixava o cargo, lembrou dos momentos difíceis passados pelo Museu na última gestão. “Quando assumi, sabia que os tempos dourados estavam ficando para trás, mas não imaginei que veríamos tantos cortes na ciência e educação. ” A pesquisadora ressaltou a necessidade de financiamento para o Museu e as intensas lutas que a equipe travou para consegui-lo. Durante sua gestão, adiantou negociações com o Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), o que considera uma vitória do período.

Para os anos que virão, Kellner define como prioridades a revitalização do Museu, as atividades de bicentenário da organização, que completa 200 anos em junho deste ano, e a expansão da instituição. Ele reforçou a necessidade de ampliar as atividades do Museu para outros prédios, além do palácio, na Quinta da Boa Vista. “Pretendo alcançar a meta de 1 milhão de visitas no ano. É um desafio, mas nada impossível de alcançar. ” Para ele, o Museu deixou de acompanhar a realidade da população, e esse cenário é o que pretende mudar.
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Fóssil de pterossauro é aberto à visitação

Além da posse, a tarde teve espaço também para novidades e homenagens. Aproveitando a reunião, Kellner apresentou o fóssil de um dos primeiros pterossauros encontrados no Brasil. A peça é um dos primeiros crânios da espécie mais completos encontrados no mundo e foi doada pela alemã Ragnhild Borgomanero, esposa de Guido Borgomanero (1921-2005), ex cônsul da Itália e um amante da Paleontologia. Ragnhild recebeu uma réplica da cabeça do animal, um presente do Museu, e declarou: “O lugar de um exemplar tão especial como esse é o Museu Nacional.” O fóssil já está em exposição para o público.
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O reitor da UFRJ, Roberto Leher, mencionou a importância do Museu Nacional para a democratização da sociedade. Para ele, o espaço sempre foi uma oportunidade de oferecer cultura a pessoas de diferentes classes. “Ver pessoas que não tem esse acesso a bens culturais vindo e trazendo seus filhos para conhecer o Museu é muito significativo. É um processo civilizatório.” Leher destacou ainda o mal que os cortes orçamentários têm feito às pastas de cultura e educação do país e reforçou a necessidade de o Museu ter um financiamento próprio. “Esse espaço vive uma situação de vácuo institucional político. Hoje, não há uma rubrica responsável pelos museus. Faltam meios institucionais. ”