Em entrevista ao portal do Instituto Teotônio Vilela (ITV), o centro de estudos e formação política do PSDB (Partido da Social Democracia Brasileira)., o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Luiz Davidovich, aponta para o investimento em tecnologia como saída sustentável da crise, mostra o que a área já fez e pode fazer pelo país e alerta para as consequências dos cortes orçamentário. Leia abaixo os destaques da entrevista e assista a íntegra.
As dificuldades fiscais do Brasil, resultado tanto de problemas estruturais como da grave recessão deixada pelo governo passado, têm provocado uma redução de recursos públicos disponíveis para setores importantes, como a área de ciência e tecnologia. Embora necessário no atual momento, tal esforço não deve se tornar uma rotina, sob risco de comprometer o desenvolvimento e desperdiçar oportunidades.
Avanços da ciência brasileira revelam o potencial da área. Em 2017, o país vai economizar R$ 15 bilhões ao não por não precisar mais importar adubo nitrogenado, medida possível em função das descobertas da engenheira agrônoma brasileira Johanna Döbereiner.
A experiência internacional é também parâmetro do importante papel da ciência para a economia. Em países desenvolvidos, cada dólar investido em pesquisa retorna seis dólares. “Os recursos que vão para a ciência e tecnologia no Brasil não devem ser considerados gastos. Acho absurdo que estejam incluídos no teto de gastos. Eles são investimentos, que têm retorno fantástico”, declara Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências.
Em entrevista ao Portal do ITV, Davidovich defende as riquezas do território nacional como privilégios pouco aproveitados e mostra o que a ciência e a tecnologia já fizeram pelo Brasil. Segundo ele, o país tem 20% da biodiversidade mundial, e a agricultura e o pré-sal são grandes vitórias do setor. Davidovich explica também as consequências da falta de investimento na área que leva à fuga de cérebros, paralisação de laboratórios e, principalmente, ao sacrifício de uma geração de pesquisadores.
O físico e também professor da UFRJ considera que precisamos de um projeto para a nação, que vá além do ajuste fiscal. “A biotecnologia baseada na biodiversidade nacional poderia ser um grande projeto Apollo para o país”, sugere.