vanderlei-bagnato_edit.jpgO Acadêmico Vanderlei Salvador Bagnato foi eleito para o cargo de diretor do Instituto de Física de São Carlos da Universidade de São Paulo (UFSC/USP), por maioria absoluta de votos (32) registrados no primeiro turno da eleição que aconteceu em 24 de novembro. O mandato dele vai de 2018 a 2022.
Em encontro promovido pela Comissão Eleitoral do UFSC/USP, no dia 16 de novembro, com a comunidade acadêmica, o então candidato a diretor Vanderlei Salvador Bagnato teve a oportunidade de colocar sua posições em relação a tópicos considerados relevantes na próxima gestão. No que tange à administração, Bagnato disse que a maioria das atividades de rotinas deverá ocorrer sem empecilhos e sob responsabilidade dos funcionários responsáveis de cada setor, com diretrizes básicas ditadas pela diretoria.
No que diz respeito à graduação, Bagnato defendeu mecanismos que façam os docentes estarem sempre próximos aos alunos, sobretudo porque muitas vezes os estudantes se sentem sob pressão e estresse. Sua gestão, segundo o docente, procurará trabalhar para que alunos não se percam no meio do caminho, diminuindo assim a enorme evasão que a Unidade enfrenta.
O então candidato disse também que haverá esforço para estimular tanto aqueles estudantes que ingressam na Universidade, já preparados para o desenvolvimento da formação acadêmica, quanto aqueles que se sentem despreparados. Achou estranho a pouca presença de alunos na apresentação das propostas da chapa e o número de evasão de estudantes do instituto:
“A evasão que nós temos atualmente não pode continuar. A instituição não pode ter sustentabilidade com tão grande evasão. Do ponto de vista do ensino, para que justifiquemos ter mais de oitenta professores aqui, você não pode estar formando menos de setenta alunos”, afirmou.
No que se refere ao curso interunidades de licenciatura, Bagnato disse que há a necessidade urgente de reestruturá-lo, tendo em vista que o IFSC/USP tem a obrigação de entregar à sociedade alunos preparados e motivados para a atuação profissional. Já a pós-graduação da unidade, de acordo com Bagnato, tem passado por problemas intrínsecos, incluindo a desmotivação de estudantes e a falta de atração de alunos em relação ao processo de ingresso nos programas de mestrado e doutorado. Ele apontou também o fato de que há vários docentes que não têm orientado estudantes por períodos longos.
“Nosso instituto precisa ter uma vontade institucional, como já teve no passado”, destacou o docente, defendendo a manutenção da infraestrutura da Unidade e “um plano de programações” referentes a instalações e consertos no instituto, já que às vezes esses trabalhos impactam negativamente no progresso de pesquisas e no ambiente de trabalho.
Ao falar sobre estudos científicos, Bagnato enfatizou que, embora a pesquisa do IFSC esteja em um bom patamar, sua gestão avaliará constantemente o modus operandi dos grupos científicos, na tentativa de motivar algumas equipes a avançarem ainda mais com seus trabalhos.
Ele disse ainda que essa gestão também valorizará grandemente o desenvolvimento de ciência básica, destacando o valor de usar o conhecimento básico em prol do avanço da ciência e da inovação tecnológica.
Graduação e pós-graduação: os dois “pilares” da chapa
Em entrevista à Assessoria de Comunicação do IFSC/USP, Vanderlei Salvador Bagnato disse que a graduação e a pós-graduação serão os dois “pilares” de sua gestão, principalmente porque, na graduação, o IFSC/USP tem formado menos de um aluno por professor.
“Nós não estamos produzindo gente para a nossa própria pós-graduação. E no passado era muito diferente a situação. Isso com três graduações, mais uma licenciatura, hein?! Os alunos estão indo embora antes”, criticou Bagnato, reforçando a necessidade de se reestruturar o curso de licenciatura, no qual alunos – segundo o próprio docente – precisam despertar a paixão pelo ato de ensinar:
“Muitos declaram: Não. Eu tô aqui pra ter um título”. Para Bagnato, os licenciandos devem participar de atividades optativas que os qualifiquem melhor.
Bagnato é visivelmente comprometido com iniciativas de divulgação científica. Ao ser questionado a respeito das iniciativas que a nova gestão poderá executar, no sentido de aproximar a unidade do público externo, o docente foi enfático: “Se depender de mim, o instituto está em todo lugar”, disse o docente, que considera que, para que o conhecimento gerado no IFSC seja reconhecido fora dele, é preciso estar envolvido com outras ações, incluindo participação em eventos e apresentação de palestras no Brasil e no exterior.
Perfil
Vanderlei Bagnato graduou-se simultaneamente em física (USP) e em engenharia de materiais (Universidade Federal de São Carlos – UFSCar), tendo desenvolvido mestrado em física na USP, doutorado nessa área, no Massachusetts Institute of Technology – MIT (EUA), e pós-doutorado na University of Maryland (EUA). Coordenador da Agência USP de Inovação, Bagnato já publicou aproximadamente 500 artigos em revistas científicas; oito livros; e 24 capítulos de livros. Orientou mais de 100 alunos de pós-graduação e tem mais de quatorze mil citações em trabalhos científicos. Além disso, é responsável pelo Centro de Pesquisas em Óptica e Fotônica (CePOF-Fapesp), sendo integrante das seguintes associações: Academia Brasileira de Ciências, The Academy of Sciences for the Developing World, Academia Pontifícia de Ciências do Vaticano e National Academy of Sciences.