rafael_loyola_edit.jpgAos oito anos de idade, Rafael Dias Loyola fazia como os antigos expedicionários. Ao conhecer as terras do “Novo Mundo”, eles coletavam espécies e anotavam em seus diários de viagem as descobertas. De besouros a flores do Cerrado, o jovem Rafael experimentava a natureza no sítio da família, em Sete Lagoas (MG). “Abria os besouros em cirurgias minuciosas com a espátula de manicure da minha mãe. Depois de relatar tudo o que via e fazia a mim mesmo, guardava-o em um pote com álcool”, conta Rafael.
Foi no ensino médio que Rafael teve a certeza que seguiria a área de biologia. Um professor do colégio foi o seu grande incentivador. “Quando estava estudando para o vestibular, ele me disse que eu fazia parte da nata da biologia do meu colégio e que, certamente, iria passar. Sendo verdade ou não, de fato passei na UFMG [Universidade Federal de Minas Gerais] e comecei a cursar a graduação em biologia em 1999”, relata.
Logo no segundo semestre da graduação, o jovem universitário entrou para a iniciação científica. “Fiz estágio no Laboratório de Ecologia e Comportamento de Insetos, coordenador pelo professor Rogério Parentoni Martins, hoje um bom amigo. Fiquei maravilhado com a diversidade de espécies e com a taxonomia. Aprendi muito, sabia o nome científico de tudo quanto é bicho. Era bem divertido”, relembra o cientista. Loyola seguiu no mesmo laboratório de pesquisa até o final do mestrado em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre.
O Acadêmico conta que, aos poucos, foi se envolvendo com o universo da pesquisa, começando a trabalhar com abelhas nativas do Brasil e com as flores que elas visitavam para colher néctar e pólen. Depois, o interesse migrou: “Trabalhei com a interação entre flores, abelhas e vespas solitárias em campos cobertos com minério de ferro, típicos da Serra do Espinhaço, em Minas Gerais, tão especiais e ameaçados hoje em dia pela mineração”, diz.
Durante o mestrado, o contato com colegas de área no Congresso Brasileiro de Ecologia, em Fortaleza (2003), e a ousadia o fizeram se aproximar do doutorado e de duas premiações. Rafael e duas amigas de curso tiveram a ideia de organizar um encontro acadêmico que, por sugestão do orientador do mestrado, transformou-se em um simpósio sobre teorias ecológicas. A ideia saiu do papel em 2004, quando foi organizado o 1º Simpósio de Ecologia Teórica do Brasil (SET), hoje já na sua sexta edição.
A iniciativa possibilitou contato com importantes pesquisadores que vieram, inclusive, a moldar a carreira de Rafael Loyola dali para frente, dentre eles Thomas Lewinsohn, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O professor o convidou a ser seu orientando de doutorado e sua tese ganhou o prêmio de melhor tese em Ecologia do Brasil defendida em 2008 e o Grande Prêmio Capes de tese na área de ciências biológicas, agrárias e médicas – feito único e jamais repetido até hoje por uma tese na área de ecologia.
Hoje professor da Universidade Federal de Goiás (UFG), Loyola coordena o Laboratório de Biogeografia da Conservação (CB-Lab/UFG), que orienta políticas públicas junto a órgãos de governo tais como o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Centro Nacional para a Conservação da Flora (CNCFlora/JBRJ), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e o Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Ele também coordena a subrede de Biodiversidade e Ecossistemas da Rede Brasileira de Pesquisas em Mudanças Climáticas Globais (Redeclima) e o Núcleo de Planejamento Espacial para a Conservação do CNCFLora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Suas linhas de pesquisa envolvem prorização de conservação espacial, modelagem de distribuição de espécies, efeitos das mudanças climáticas na biodiversidade e padrões geográficos na diversidade funcional e filogenética. Ele foi um dos eleitos como membro afiliado da Academia Brasileira de CIências (ABC) para o período 2017-2021.