O Instituto Serrapilheira, instituição privada de apoio à ciência, promoveu na tarde de quarta-feira, 19 de julho, o lançamento de sua primeira chamada pública para projetos de pesquisa nas áreas de ciências da computação, ciências da terra, ciências da vida, engenharias, física, matemática e química. A divulgação ocorreu durante a 69ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estiveram presentes à sessão o vice-presidente da ABC, João Fernando Gomes de Oliveira, outros pesquisadores e estudantes.
O edital é voltado para jovens doutores que tenham recebido a titulação a partir de janeiro de 2007. Para mulheres com filhos e que tiraram licença maternidade no período do doutoramento, será permita a participação das que concluíram o doutorado em 2005 e 2006. Os proponentes precisarão estar vinculados a alguma universidade ou instituto de pesquisa no Brasil, seja como professores ou pesquisadores. Os projetos podem ser de ciência básica ou de ciência aplicada.
Segundo o edital do Instituto Serrapilheira, não é permitida a participação de pesquisadores de pós-doutorado, professores substitutos ou doutorandos. Pesquisadores, brasileiros ou não, filiados a instituições sediadas fora do Brasil não poderão concorrer diretamente ao apoio. Além disso, os fundos não são portáveis ao exterior. Os projetos devem ser conduzidos principalmente no Brasil, mas será permitida a realização de trabalhos de campo e em colaboração fora do país.
A chamada pública dá destaque especial à capacidade do cientista em promover a divulgação de seu projeto em uma linguagem acessível, visando à popularização da ciência. Além disso, os pesquisadores serão desafiados a justificar seus projetos com base nos seguintes temas: energia, espaço, identidade, forma, tempo, informação e matéria. “Será pedido aos cientistas que eles escrevam seus projetos de um jeito diferente, mais criativo. Por exemplo, para um geneticista como eu, ele terá que explicar como a biologia vê o tempo. É um projeto de ciência de excelência, mas que deverá ser apresentado nesses termos e em uma linguagem acessível, voltada para a divulgação científica”, esclareceu o diretor-presidente do Instituto Serrapilheira, Hugo Aguilaniu.
As inscrições começam na primeira quinzena de agosto. Num primeiro momento, serão selecionados 70 projetos com subvenção de até R$ 100 mil. Depois de um ano, de 15 a 20 projetos dentre os 70 iniciais serão contemplados com aportes de até R$ 1 milhão para três anos de pesquisa.
Parte desses recursos serão condicionados a políticas de diversidade, que promovam a inclusão. Um critério ainda em desenvolvimento, segundo a coordenadora de pesquisa científica do instituto, Cristina Caldas. “Queremos evitar a pulverização dos recursos e garantir, assim, que os projetos tenham fôlego por um prazo maior”, afirmou Cristina.
Um conselho científico formado por 12 cientistas que atuam no Brasil e no exterior avaliará os projetos, que deverão ser encaminhados em inglês. O resultado da seleção dos 70 contemplados será divulgado até dezembro deste ano.
Segundo a coordenadora de pesquisa, na primeira fase, a seleção será anônima e os projetos serão encaminhados a pareceristas externos. Na segunda fase, os projetos passarão por uma revisão não-anônima e mais detalhada pelo conselho cientifico e revisores internacionais. Ao todo, serão selecionados 70 projetos.
Após um ano, esses mesmos projetos serão reavaliados. De 15 a 20 deles serão selecionados para receber recursos maiores, de até R$ 1 milhão, e de maior duração, por três anos. “Vamos avaliar a capacidade de gerar ideias e como o pesquisador se posicionou diante das mudanças de rumo da pesquisa”, disse Cristina.
Os recursos começarão a ser oferecidos aos pesquisadores em janeiro de 2018. O primeiro ciclo de apoio dessa chamada pública do Instituto Serrapilheira será encerrado em dezembro de 2021. O edital completo, cronograma e lista de respostas a dúvidas comuns estão disponíveis no portal .
Sobre o Instituto Serrapilheira
Com sede no Rio de Janeiro, o Instituto Serrapilheira é uma instituição privada organizada sob a forma de associação civil e sem fins lucrativos. Operará com recursos oriundos de um fundo patrimonial constituído por doação em caráter irrevogável de Branca e João Moreira Salles, no valor de R$ 350 milhões.
A instituição propõe atuar de forma complementar às agências de fomento dos governos federal e estaduais no estímulo a grupos de pesquisa. Aideia é estimular grupos jovens, ousados e criativos, que possam desenvolver pesquisa de ponta, competitiva em nível internacional, com potencial para ocupar espaço significativo nas melhores revistas científicas de cada sub-área das ciências naturais.
O Instituto Serrapilheira nasceu em 2014, mas foi oficialmente lançado em 22 de março deste ano. Para construir a instituição, os fundadores visitaram organizações semelhantes no Brasil e no exterior, promoveram debates em torno da ciência brasileira e se aconselharam junto à comunidade científica do país.
Após uma clara definição de objetivos, foi aberto um edital para a escolha da diretoria executiva, que, uma vez definida, participou dos arranjos ainda necessários para definir a estruturação da organização. A instituição tem hoje o geneticista francês Hugo Aguilaniu como diretor-presidente e o Acadêmico Edgar Dutra Zanotto como presidente do Conselho Científico.
O Conselho é composto por 12 cientistas de renome internacional, dentre os quais o presidente da ABC Luiz Davidovich , o vice-presidente da ABC para a região São Paulo Oswaldo Luiz Alves , o membro correspondente da ABC Étienne Ghys , a Acadêmica Mayana Zatz , a Acadêmica Cristina Pinheiro de Campos e o ex-membro afiliado da ABC (2008-2012Stevens Rehen.