No dia 30 de maio, o jornalista Pedro Bial recebeu em seu programa, “Conversa com Bial”, da TV Globo, o neurocientista Stevens Rehen, que foi membro afiliado da ABC entre 2008 e 2012. Pesquisador da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto DOr de Pesquisa e Ensino (IDOR), Rehen falou sobre o uso de minicérebros no estudo com drogas psicodélicas para fins medicinais. A pesquisa abordou especificamente o uso da Ayahuasca, mais conhecida como “Chá do Santo Daime”, em pacientes com diagnóstico de distúrbios mentais, dependências e traumas psicológicos, como depressão. Rehen tem trabalhado em parceria com a produção do programa de televisão para que tópicos científicos sejam frequentes nas pautas abordadas.
Os minicérebros foram usados ainda em estudo que analisou a atuação do THC, principal componente da maconha, em camundongos idosos. Os resultados mostraram um melhor desempenho de memória nos animais idosos que foram expostos à substância do que no grupo de controle. De acordo com o neurocientista, foi possível analisar ainda que camundongos jovens que utilizaram o THC não tiveram um bom resultado nos testes de memória. “A substância funciona quase como um repositor hormonal”, explicou Rehen. Criados pela equipe do neurocientista, os minicérebros tiveram seu primeiro uso em pesquisas sobre o vírus zika e associação com a microcefalia. A pesquisa foi publicada na revista Science e contribuiu com as pautas oficiais divulgadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre o tema.
Além de Rehen, o programa contou com a participação dos psiquiatras Dartiu Xavier, coordenador do Programa de Orientação e Atendimento a Dependentes (Proad) e Arthur Guerra de Andrade, coordenador do Núcleo de Álcool e Drogas do Hospital Sírio-Libanês. Xavier relatou casos de pacientes que se livraram da dependência em cocaína com o uso do canabidiol, composto derivado da maconha, e mencionou estudos que comprovaram a utilidade da substância no tratamento. Arthur Guerra, no entanto, reforçou a importância de se ter cautela na condução desse tipo de tratamento e a necessidade de se esclarecer que o uso recreativo das mesmas substâncias não tem relação com o uso medicinal.
Confira aqui a entrevista na íntegra.