A química, assim como a pesquisa científica, surgiram na vida de Nakédia Freitas Carvalho como por obra do acaso. Nascida em Campos dos Goytacazes, no interior do Estado do Rio de Janeiro, ela é a primeira e única de sua família a completar os estudos em nível superior. A jovem, que hoje é professora adjunta da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), quase seguiu para a área de informática. Mas o destino reservava na química boas surpresas para ela.

“O processo de escolha da carreira foi angustiante, como para a maioria dos jovens. Euterminei o ensino médio com 16 anos e não sabia muito bem o que queria fazer. Sempre gostei de química, mas optei por fazer vestibular parainformática, pois naquela época era uma área que estava em evidência”, diz Nakédia. Mas a estudante não alcançou nota suficiente para entrar no curso. “Minha nota me permitia, no entanto, ingressar para o bacharelado em químicacom atribuições tecnológicas. Assim, eu entrei para o curso de química por acaso, o que se mostroumuito fortuito”, afirma.

Seu encantamento pela área de pesquisa também se deu por um empurrãozinho do destino. Ela conta que só no quarto ano da graduação, quando entrou para a iniciação científica (IC), foi que decidiu pela carreira acadêmica. “Antes da IC eu não sabia se queriatrabalhar na indústria ou na área acadêmica. Quando decidi, foqueitotalmente meus estudos e esforços para a pesquisa. A iniciação científica foimuito importante para a minha formação acadêmica e amadurecimento profissional”, ressalta a jovem cientista.

Nakédia fez o mestrado e o doutorado na área de química inorgânica, na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “Estudei compostos de coordenação como catalisadores para a oxidação dehidrocarbonetos. Meu orientador Octavio Antunes foi muito importante paraa minha formação científica e profissional. Ele sempre me inspirou pelo seuconhecimento amplo em diversas áreas. Meu outro orientador de mestrado, Adolfo Horn Jr., também tevegrande participação na minha formação, especialmente na área de química decoordenação. Ele me ensinou, principalmente, a ter um grande rigor nas medidasexperimentais e interpretação dos resultados”, afirma Nakédia.

Dedicando-se à química inorgânica, com ênfase em catálise e química ambiental, a pesquisadora estuda compostos de coordenação e óxidos de metais de transição para aplicação comocatalisadores da reação de oxidação da água. Ela explica que esta etapa é fundamental para aprodução de energia a partir de fontes renováveis, pelo desenvolvimento dedispositivos para captação de energia solar e produção de combustível solar oueletricidade. “Investigo também o preparo de catalisadores verdes esustentáveis, a partir de nanopartículas de ferro oriundas de produtosnaturais redutores e sua aplicação na descontaminação de poluentes orgânicostóxicos provenientes de rejeitos industriais”, conta a Acadêmica.

Como membro afiliado da ABC recém-empossada, Nakédia quer contribuir para a divulgação da ciência e para a popularização das atividades da universidade em que leciona, a Uerj. “É uma oportunidade para atuar mais fortemente nas atividades científicas do estado,especialmente nas que forem promovidas pela ABC. Também vejo uma chance para divulgar o nome da Uerj, que pelaprimeira vez tem dois docentes indicados como membros afiliados da ABC”, diz.