Na quarta-feira, 3 de maio, a ABC comemorou mais um ano de vida, o primeiro após seu centenário. Em comemoração à data e como um presente à Academia, o Museu de Astronomia e Ciências Afins (Mast) abriu ao público o acervo de obras bibliográficas da ABC.
Participaram da abertura da cerimônia o presidente da ABC, Luis Davidovich, a diretora do Mast, Heloisa Maria Bertol Domingues, Fabiano Cataldo de Azevedo, membro da Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias (IFLA, na sigla em inglês) e Márcio Rangel, coordenador de documentação e arquivo do Mast.
Bertol comentou a surpresa para a equipe que recebeu o acervo ao perceber a raridade da coleção fornecida pela ABC. Ressaltou ainda a importância da circulação do conhecimento: “A história que ela guarda reflete não só uma produção científica como a circulação de um conhecimento, que estimula nossa identidade. Isso é muito importante num momento de crise como esse. “
Davidovich parabenizou a equipe que cuidou do trabalho de catalogação e organização das peças e também mencionou a importância do compartilhamento de conhecimento para combater o obscurantismo. “É uma grande alegria estar nesse evento que representa algo positivo para a ciência em meio à tantas cartas que vêm sendo demandadas da SBPC e ABC”, disse o presidente, em alusão às constantes defesas feitas pelas duas organizações às políticas científicas nos últimos meses.
Após as falas da mesa, receberam menção honrosa Alfredo Tiomno Tolmasquim, ex diretor do Mast, que esteve presente no começo das negociações entre o museu e a ABC, Diogenes de Almeida Campos, Acadêmico que participou ativamente do processo e Lúcia Alves da Silva Lino, membro da equipe do Mast responsável pelo acervo.
Diogenes Campos e Lúcia Lino formaram, junto da chefe da equipe responsável pelo acervo, Eloísa Helena de Almeida, uma mesa-redonda, na qual contaram ao público como se deu todo o processo de negociação entre ABC e Mast para transferir a guarda do acervo da Academia para a biblioteca do museu.
O acervo original contava com cerca de 15 mil livros, periódicos e material fotocopiado, a maioria doação de Acadêmicos e outros cientistas. Após o começo das negociações, em 2005, o material sofreu diversas idas e vindas, tendo sido armazenado em diferentes lugares até que, em 2016, foi efetivamente transferido para o Mast, quando o processo de limpeza, organização e catalogação foi de fato iniciado.
Ao todo, foram catalogados e disponibilizados para o público 2 mil livros, dentre os quais encontram-se preciosidades como um exemplar do livro Cours DAnalyse, da École Polytechnique, que pertenceu a Manuel Bandeira quando estudante de engenharia e possui anotações à mão do poeta e cartas trocadas entre o físico Joaquim da Costa Ribeiro e o cientista americano Donald Kallman, que estavam escondidas dentro do livro Principles of Nuclear Engineering de Samuel Glasstone (1955). Estas e outras raridades ficam expostas na entrada da biblioteca do museu.
Todas obras já disponíveis poderão ser consultadas a partir da data na biblioteca Henrique Morize ou no acervo digital, disponível no site do museu.