A Marcha pela Ciência no Brasil foi parte do movimento em defesa da ciência, tecnologia e educação de qualidade no país. A ideia dos organizadores do evento local, capitaneado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), é manter a mobilização conquistada e ampliá-la junto à comunidade científica e acadêmica, aos jovens e à sociedade em geral.
O histórico da marcha, nascida nos EUA em reação à atitude anticientífica do presidente Trump, pode ser conhecido na matéria de Herton Escobar para o jornal O Estado de S.Paulo intitulada “Cientistas vão às ruas contra corte em investimentos“.
Veja os mapas das cidades engajadas no Brasil e no mundo, em matéria de Mauricio Tuffani.
A ABC solicitou aos seus membros que enviassem fotos e depoimentos sobre o evento. Leia o que disseram Acadêmicos que participaram das marchas em suas cidades ou em outras cidades ao redor do mundo.
Adalberto Val Membro Titular, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA) O movimento em Manaus foi emblemático. Estudantes de pós-graduação, professores e pesquisadores manifestaram suas preocupações com o futuro da Ciência e da Educação na Amazônia e no Brasil. As conquistas da Ciência foram ressaltadas e as ameaças correntes, evidenciadas. O constrangimento atual tem forte impacto no presente, mas terá impacto ainda maior no futuro. Não haverá paz sem Ciência e sem Educação. |
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Adalberto Vieyra Membro Titular, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Juntando nossas vozes. Para que elas se tornem um trovão. Pela Ciência como instrumento de Soberania Nacional. Para que esse trovão se acompanhe de um raio que fulmine aqueles que tentam destruir nosso futuro como Nação. |
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Alexander Kellner Membro Titular, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Participei da Marcha pela Ciência em Porto Alegre e considerei bastante emblemático. É fundamental cientistas irem a público demonstrar a importância da pesquisa no cotidiano das pessoas, desde a questões de alimentos até o desenvolvimento de remédios e curas para epidemias, passando pelo aperfeiçoamento de equipamentos eletrônicos como os celulares, que, sem pesquisa, seriam restritos a uma elite e jamais fariam parte do cotidiano das pessoas. Sem ciência, não há desenvolvimento, não há independência de um país, não há bem estar. Isso tem que ser passado para a população, particularmente nesses “novos tempos”, que tem maltratado universidades e outras instituições de pesquisa Brasil afora. |
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André Báfica Membro Afiliado (2013-2017), Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Participei da Science March em Nova Iorque. Um dia nublado, 10ºC e um chuvisco gelado caia em cima dos cartazes. Mesmo assim, a turma daqui não desanimou. Levei um cartaz “Resist Science”, grafitado pelo amigo Bernardo Reis, da Rockefeller University e, em conjunto com 20 mil pessoas, caminhamos pela Central Park West Avenue e Broadway Avenue. Observei muitos cartazes com um retrato do momento histórico que estamos vivendo no mundo e os cientistas daqui também fizeram a sua parte. Science, not silence! |
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Artur Ziviani Membro Afiliado (2013-2017), Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), Petrópolis, RJ Para almejar o desenvolvimento do país é incontornável o investimento em ciência. Temos que nos mobilizar para que aumente na sociedade a valorização e impacto das ciências na construção de nosso futuro |
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Carlos Menck Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Apesar da chuva, a Marcha pela Ciência serviu para demonstrar que existe ciência no Brasil, com defesa da qualidade do que fazemos, da ciência básica e de nossas instituições, que devem ser preservadas e fortalecidas. E tudo para ajudar o país a ter um futuro, com mais justiça social. |
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Dario Zamboni Membro Afiliado (2011-2016), Universidade de São Paulo (USP-Ribeirão Preto) Participei da Marcha em Brasília. Tirar cientista do laboratório não é tarefa fácil, ainda assim havia mais de 200. Muitas crianças, levadas pelos pais, representavam o desejo de um pais melhor, que só vai ser possível com ciência e tecnologia. Caminhamos pelo Eixo Monumental, com pausa em frente ao MCTIC para cantar o Hino Nacional e seguimos até o gramado do Congresso Nacional. Ao fim da Marcha, os balões distribuídos foram soltos de forma orquestrada, salpicando o céu azul de balões coloridos. Espero que funcionem como sementes para expandir esse movimento tão genuíno. |
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Edmo Campos Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Participei da Marcha Para a Ciência em Miami, onde estou envolvido num projeto de pesquisa em cooperação com cientistas da Universidade de Miami e da National Oceanographic and Meteorological Administration (NOAA), juntamente com colegas norte-americanos. A manifestação estendeu-se por mais de cinco horas, com expressiva participação de uma grande variedade de representantes da sociedade, incluindo turistas de várias nacionalidades. |
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Eliane Volchan Membro Titular, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) A Marcha pela Ciência é um marco de um movimento novo, internacional, de interlocução com a sociedade pela importância do apoio à ciência como pilar do desenvolvimento e bem-estar dos povos. Na foto, estou acompanhada das neurocientistas da Universidade Federal Fluminense (UFF) Leticia de Oliveira e Mirtes Pereira, que contribuíram muito para este evento. |
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Emiliano Medei Membro Afiliado (2011-2016), Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) A ciência brasileira e mundial está sendo ameaçada. Precisamos que, além dos cientistas, o resto da população se mobilize e entenda o valor da Ciência para uma Nação. E temos que agir nesse sentido. |
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Etelvino Bechara Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Estive na Marcha em São Paulo, que espero ter despertado uma atenção maior da comunidade científica para a divulgação da ciência. Acho que deveríamos fazer um movimento para ocupar as praças das cidades brasileiras frequentemente com exposições, experimentos, cartazes e palestras, sempre em busca de uma interação e cumplicidade com a população na defesa do conhecimento. Sempre me lembro da experiência fantástica da UFMG, com seus laboratórios de ciência circulando em ônibus pelas cidades brasileiras. |
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Glaucius Oliva (no centro, de camisa azul clara) Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP São Carlos) A Marcha pela Ciência representa um ponto de virada para a comunicação científica no mundo. Não basta mais fazermos ciência de qualidade e acreditar que os fatos falem por si. Temos que sair da zona de conforto dos laboratórios e nos comunicarmos diretamente com a sociedade, nas ruas, escolas, organizações não-governamentais, sindicatos, imprensa, TV, rádios, associações comunitárias. É fundamental que os cientistas brasileiros compreendam que somente alcançaremos maior presença do Brasil na ciência se conquistarmos maior presença da ciência no Brasil. |
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Helena Nader Membro Titular, Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e presidente da SBPC Chega de classificar os cientistas e a ciência como gasto! Nós somos investimento, é isso que nós somos. Para cada 100 reais que o governo gasta com a Presidência e os ministérios, 32 centavos vão para ciência. Onde a gente fica, então, na sociedade do conhecimento? A nossa economia sobrevive por causa da ciência. A Embrapa, cujas pesquisas ajudaram a aumentar a produtividade agrícola, e a Petrobras, que desenvolveu tecnologia de extração de petróleo em águas profundas, não contrataram extraterrestres para isso. Foi a ciência que alcançou esses resultados, e ciência totalmente desenvolvida neste país. |
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Hernan Chaimovich Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Em meu discurso no evento destaquei a importância da ciência e dos cientistas ocuparem pela primeira vez, esse espaço público reivindicando não corporativamente, para si, mas para o país. A natureza internacional da Marcha reflete o caráter universal da própria ciência. É necessário que cada um dos participantes se transforme num amplificador desta nova relação com a sociedade. |
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Igor Kaefer Membro Afiliado (2015-2019), Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Não vejo causa mais digna de promoção do que a ciência. Lutar pela ciência é lutar por nós mesmos e também pelos outros. Me orgulha profundamente bradar por uma sociedade livre do obscurantismo, da ignorância e aberta ao conhecimento científico. É dessa sociedade que emergirão lideranças políticas preocupadas com o verdadeiro desenvolvimento democrático, que é aquele pautado pelo conhecimento que produzimos. |
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Isaac Roitman Membro Titular, Universidade de Brasília (UnB) Lembro a frase de Oswaldo Cruz, que é o lema da Sociedade Brasileira de Microbiologia: “Não esmorecer para não desmerecer”. |
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Jefferson Cardia Simões (à esquerda na foto) Membro Titular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) Cito Isaac Asimov, que disse: “Anti-intelectualismo tem sido uma ameaça constante, fazendo seu caminho sinuoso através da nossa vida política e cultural e alimentada pela falsa noção de que democracia significa que a minha ignorância é tão boa quanto o seu conhecimento”. |
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Jorge Guimarães (o quinto, da esquerda para a direita) Membro Titular, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), presidente da Embrapii A Marcha aqui em Porto Alegre foi simples, mas com boa participação, considerando ter sido num sábado de feriado prolongado. O efeito foi simbólico, mas significativo! |
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José Alexandre Felizola Diniz Filho Membro Titular, Universidade Federal de Goiás (UFG) Em Goiânia, a Marcha foi pequena. Em minha fala no final do evento, ressaltei que precisamos melhorar a nossa capacidade de educação científica e comunicação com a sociedade. Esta precisa estar aberta e sensibilizada para entender que os avanços na tecnologia que são amplamente difundidos no dia a dia são, de fato, produtos da ciência. As pessoas acham que tecnologia é uma coisa e a ciência é outra. Precisamos retomar esse caminho do esclarecimento e mostrar que, sem ciência e educação, não é possível pensar em desenvolvimento social. |
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José Galizia Tundisi Membro Titular, USP São Carlos, Secretário Municipal de Desenvolvimento Sustentável, Ciência e Tecnologia Sem a ciência que se desenvolveu no século 20, o mundo civilizado não teria tantos avanços em saúde, engenharia, transportes e comunicações. Ciência gera emprego, trabalho e renda. Continuo trabalhando em prol de ampliar a capacidade local de divulgar a ciência, desenvolver a educação em ciência nas escolas e dinamizar a informação científica. |
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Leonardo Avilla Membro Afiliado (2014-2018), Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio) Mesmo debaixo de chuva, professores, alunos… todos que acreditam que a ciência é investimento e não um gasto se reuniram em prol do Brasil! |
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Lis Antonelli Membro Afiliado (2014-2018), Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz, MG) Levei meus filhos Francisco e João (foto ao lado) à nossa Marcha, que teve a intenção de alertar a sociedade que avançando na ciência, avançamos no desenvolvimento do nosso país e, consequentemente, na nossa independência. |
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Luiz Eugenio Mello Membro Titular, Instituto Vale de Tecnologia, Pará Estive na marcha em São Paulo. O engajamento do Brasil neste evento mundial ocorre em um momento de crise da ciência no pais. A Marcha pela Ciência, neste sentido é emblemática e simboliza a crença de que não há futuro sem educação e sem ciência. Economizar e acertar as contas é fundamental para o pais voltar a crescer. Não faz sentido economizar ficando sem comer e no fim morrendo de inanição. Tampouco faz sentido economizar ficando sem ciência e consequentemente voltarmos a posição de colônia. |
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Marcia Barbosa Diretora da ABC, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) A Marcha em Porto Alegre foi um momento de flerte da ciência e dos cientistas com a população de Porto Alegre. Tenho certeza de que este namoro vira um casamento entre quem financia a ciência e quem a faz e usufrui dos resultados dela. E deste casamento sairá um movimento ainda maior, que irá garantir a reconstituição do MCTI e do orçamento para a área. Marchamos porque povo sem ciência e tecnologia morre de epidemia. |
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Otávio Velho (de colete cáqui) Membro Titular, Museu Nacional, RJ Participar de um movimento com a abrangência internacional desta Marcha reafirma a universalidade da ciência, sua afinidade com os valores democráticos, o humanismo e o destino de todos os seres. Nós, cientistas, precisamos nos aproximar cada vez mais da sociedade. Como antropólogo, fiquei feliz com a lembrança da solidariedade com os nossos índios, a quem tanto devemos e que tanto têm sido injustiçados. E como pesquisador que trabalhou a vida inteira no Museu Nacional, fiquei agradecido pela escolha do local para a manifestação, diante dessa instituição histórica tão necessitada de uma mobilização social ampla em sua defesa. A batalha contra os preconceitos e as disparidades socioeconômicas que prejudicam o próprio desenvolvimento da ciência deve ser permanente. |
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Peter Fry (o segundo, de camiseta azul clara) Membro Titular, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Sem boa ciência e tecnologia não há como incrementar e sustentar uma sociedade justa. Esse evento também propiciou um encontro com velhos e bons amigos com o mesmo objetivo em comum e com cientistas ao redor do mundo. |
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Renato Balão Cordeiro Membro Titular, Fundação Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz) A Marcha para a Ciência é um instrumento fundamental para a ciência e tecnologia brasileiras, principalmente neste momento, quando cortes profundos foram aplicados no orçamento do Ministério, prejudicando as atividades de pesquisa das universidades e institutos de pesquisa. A situação é mais dramática e lamentável no Rio de Janeiro com os bolsistas da Faperj, há quase três meses sem receber suas bolsas e sem nenhuma previsão para que os pagamentos sejam normalizados. |
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Samuel Goldenberg Membro Titular, diretor do Instituto Carlos Chagas (Fiocruz-Paraná) No prédio antigo da Reitoria da UFPR havia em torno de uma centena de pessoas. O tempo frio e chuvoso não contribuiu, mas estavam representados professores e alunos de graduação e pós-graduação. Apesar do pequeno número de manifestantes, houve muito entusiasmo e palavras de incentivo dos transeuntes que circularam. Era unânime o reconhecimento que sem investimentos em ciência e tecnologia não há futuro. |
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Sylvio Canuto (à esquerda na foto) Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Como disse o Prof. Leite Lopes (1918-2006): “A falta de conhecimento científico é um fator poderoso para o subdesenvolvimento.” |
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Vanderlan Bolzani Membro Titular, Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp), vice-presidente da SBPC A Marcha no Brasil foi importante e acredito que seja um processo, que tem que continuar. Os cientistas precisam mostrar que a ciência, assim como a arte, são parte da cultura e essenciais para a sociedade. Ciência está no dia a dia de cada cidadão: nos medicamentos, nas vacinas, na alimentação, nos transportes…. Enfim, o cientista é o artista que melhora a vida das pessoas, que salva vidas, que conecta as pessoas com o mundo em tempo real. Precisamos sensibilizar a população de que nossa luta pela ciência é também da sociedade. Nosso sistema de CT&I, mesmo que recente, contabiliza avanços que nos orgulhame, agora, encontra-se ameaçado pelo corte gigantesco feito pelo governo, com apoio de fundamentalistas que negam a ciência. |
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Vanessa Paixão-Côrtes (na frente, de vestido branco e azul, com a filha Lilian) Membro Afiliado (2014-2018), Universidade Federal da Bahia (UFBA) Sempre foram poucos os cientistas que se interessam, ou que conseguem fazer a ponte entre a academia e o público. Vivemos em nossas bolhas de especialidades. Nessa era de “fatos alternativos” cabe a todos que se importam com a verdade estourarem suas bolhas e aprenderem a compartilhar com todos a ciência. Acredito que é a ciência que move o desenvolvimento humano, em países onde a desigualdade social é ainda um problema. Programas sociais e humanitários são essenciais, mas as conquistas científicas podem diminuir distâncias, aproximar as pessoas, igualar oportunidades. |
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Vitor Francisco Ferreira (o segundo à esquerda) Membro Titular, pró-reitor de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação da Universidade Federal Fluminense (UFF) A qualidade de vida traduzida pelo aumento da longevidade da população, o balanço positivo da balança comercial com melhores salários e mais empregos qualificados são reflexos de um sistema robusto de ciência e tecnologia de um país. Nenhuma nação que deseja ser independente pode abrir mão de investir nessas áreas, sob pena de cair no ostracismo e ser tornar coadjuvante dos países mais avançados e economicamente mais fortes. |
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Walter Colli Membro Titular, Universidade de São Paulo (USP) Cito Lorde Rutherford, que disse: “A ciência está destinada a desempenhar um papel cada vez mais preponderante na produção industrial. E as nações que deixarem de entender essa lição serão inevitavelmente relegadas à posição de nações escravas: cortadoras de lenha e carregadoras de água para os povos mais esclarecidos”. |
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Yvonne Mascarenhas Membro Titular, USP São Carlos Desejo que a realização da Marcha pela Ciência em âmbito nacional possa conscientizar os poderes constituídos da necessidade do apoio contínuo ao desenvolvimento científico do Brasil, pois os cortes verificados até agora implicarão em retrocesso, tanto na infraestrutura experimental de nossos centros de pesquisa científica, como na formação de recursos humanos em ciências exatas e biológicas, de caráter básico e aplicado, indispensáveis para o desenvolvimento econômico e social de nosso país. |
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