O edifício histórico previsto para ser o futuro Palácio da CIência, nova sede da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e da Academia Brasileira de Ciências (ABC), pegou fogo na madrugada de segunda-feira, 17 de abril. Segundo o Corpo de Bombeiros, o incêndio danificou o hall e a fachada do prédio. O fogo teria começado por volta das 3h e sido controlado quase 2 horas depois. Não houve feridos. Ainda não se sabe as causas do acidente – o lauda da perícia será entregue em 30 dias.

Construído na década de 20, o edifício estava em reformas sob a administração da Faperj, desde 2014, mas teve as obras paralisadas em 2016, em função da crise financeira enfrentada pelo estado do Rio. Com sete andares, além da cobertura e do subsolo, o prédio deve abrigar, em três andares, as novas dependências da ABC. Em abril de 2014, foi realizada a cessão do prédio do Estado para a Faperj. Em agosto de 2014, foi lavrada a escritura em que o estado do Rio de Janeiro, representado pelo secretário de Ciência e Tecnologia, Tande Vieira, passou à Faperj, representada por seu então presidente Ruy Garcia Marques, a posse do edifício situado entre os números 42 a 48 da Rua da Alfândega, no Centro da cidade do Rio de Janeiro. O ato da escritura foi realizado a partir de autorização de doação por decisão do governo do estado. Com isso, a Faperj passaria a contar, pela primeira vez em sua história, com uma sede própria, e a ABC, que teria os três andares cedidos pela Faperj quando fosse finalizada a obra, com uma sede à altura de sua importância histórica.

Segundo a Faperj, toda a obra do prédio que abrigará o Palácio da Ciência estava sendo feita de forma a recuperar e preservar as fachadas originais da época de sua construção, pela técnica de retrofit. No grande hall localizado no andar térreo, assim como no subsolo, haverá espaços destinados a exposições e eventos (na foto, parte do mosaico do piso do hall de entrada). De acordo com o projeto, que ganhou o VIII Prêmio de Arquitetura Corporativa 2011, o prédio terá dois auditórios, um com capacidade para 115 pessoas, que será de uso compartilhado pela ABC e Faperj, e o outro, menor, para cerca de 80 pessoas, a ser usado unicamente pela fundação. Está prevista ainda a construção de refeitórios e um restaurante no terraço do edifício, além de um espaço para coquetéis e eventos. Veja o vídeo de apresentação do projeto.

De arquitetura eclética, o edifício foi construído por Lambert Riedlinger, que trouxe para o Brasil a técnica do uso do concreto armado, novidade no ano de 1924, quando a obra foi iniciada. A empresa de Riedlinger foi também responsável pela construção dos hotéis Glória e Copacabana Palace e do edifício do jornal A Noite. Inaugurado em 1926 para abrigar a sede do Banco Transatlântico Alemão, o prédio apresentava sete andares escalonados, com embasamento em granito e os mais modernos equipamentos disponíveis à época: ar-condicionado, elevadores (na foto, os belíssimos elevadores originais do hall) e um moderno cofre Panzer, que depois da reforma será um espaço dedicado a exposições.

A edificação contava com enormes vitrais à direita, um dos vitrais, com motivos navais) e materiais nobres, como mármores de Carrara, madeira de lei e maçanetas de bronze, e exibia tanto na fachada quanto em seu interior, ornamentos esculpidos, mosaicos, rendilhados de ferro e diversos outros detalhes, reunindo na mesma construção elementos do art nouveau e do art deco. Seu valor estilístico e arquitetônico lhe valeu o tombamento pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac), em 2001.