Marcio Weber Paixão se aproximou da ciência – e, especialmente, da química – ainda durante as aulas do colégio. Mas foi apenas na faculdade, quando assistiu à uma palestra do Prof. João Batista Teixeira da Rocha, que entendeu o verdadeiro valor e significado da ciência. “Me fascinei com a possibilidade de encontrar respostas para as perguntas ainda sem solução”, ele conta.

Nascido em Cachoeira do Sul, no Rio Grande do Sul, levou uma infância típica de cidade do interior, andando de bicicleta na rua com os amigos, jogando futebol e basquete e ouvindo os “causos” dos comerciantes da Rua Júlio de Castilhos, próxima à sua casa, na cidade conhecida por ser “a capital do arroz”. Na escola, as aulas de ciências exatas, como era de se esperar, eram as suas preferidas. Ainda assim, a química só se concretizou como uma paixão quando já havia iniciado o curso de graduação em química industrial na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no Rio Grande do Sul, concomitantemente com o começo de sua iniciação científica, no grupo do professor A. L. Braga e dos doutorandos Leandro de Andrade e Oscar Rodrigues.

Ainda sob a orientação do professor Braga e após quatro anos de iniciação científica seguiu para o mestrado e, então, fez o doutorado sanduíche com o grupo do Prof. Dr. Ludger Wessjohann. “Tínhamos um ambiente de estudo e pesquisa sensacional, éramos incentivados diariamente pelos alunos mais experientes”, conta Weber. Realizou um estágio de pós-doutorado no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (IQ-USP) e um segundo na Universidade de Aarhus, na Dinamarca. Em 2010, tornou-se professor adjunto do Departamento de Química da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar).

A linha de pesquisa do grupo de Weber busca, hoje, desenvolver novas tecnologias sustentáveis para a síntese de esqueletos químicos com potencial aplicação biológica. Para isso, usam moléculas orgânicas como catalisadores quirais em metodologias livres de metais, abordagem que é, hoje, conhecida como organocatálise. Empregam ainda reações multicomponentes – metodologias que, possibilitam gerar complexidade e diversidade molecular de forma rápida e eficiente, além de condições fotoquímicas em batelada e sob regime de fluxo contínuo para síntese de sistemas heterocíclicos nitrogenados. Em programa de pesquisa começado recentemente, buscam a síntese de novos materiais para aplicação na valorização de biomassa.

Ele enxerga o título de membro afiliado da ABC (2017 – 2021) como um importante reconhecimento do trabalho não só dele, mas de todo o seu grupo de pesquisa, ainda muito jovem e com muito a acrescentar para o desenvolvimento do país. Estar na Academia será, para ele, um facilitador para articular projetos e fazer ciência, que, a seu ver, tem um papel muito importante no meio social. “A ciência contribui diretamente para o desenvolvimento da sociedade; participar e contribuir para essa evolução é muito gratificante. Na área da síntese orgânica isso fica bastante evidente, em especial com a colaboração de outras áreas do conhecimento podemos contribuir, por exemplo, na busca de novos fármacos, essenciais para a cura de doenças que até hoje afligem nossa sociedade”, explica o Acadêmico.