Em fevereiro deste ano, o Acadêmico Paulo Artaxo foi nomeado como um dos vencedores do Prêmio Faz Diferença, do jornal O Globo em parceria com a Firjan, na categoria sustentabilidade. O mesmo prêmio titulou as cientistas Adriana Melo e Celina Turchi como as personalidades do ano de 2016. Na quarta-feira, 29 de março, os prêmios foram entregues na cerimônia anual promovida pelo jornal e pela Federação de Indústrias e as pesquisadoras aproveitaram a oportunidade para fazer um apelo em prol do aumento de investimento na pesquisa científica. Confira abaixo a matéria do jornal O Globo:


Adriana Melo e Celina Turchi receberam o prêmio das mãos de Ascânio Seleme e João Roberto Marinho | Fotografia: Pablo Jacob

Grandes premiadas da noite, Adriana Melo e Celina Turchi destacaram a consistência dos pesquisadores brasileiros envolvidos em estudos sobre zika e alertaram sobre a importância de manter o apoio às instituições. De acordo com elas, agora é necessário melhorar o atendimento às famílias.

– Nem no meu maior pesadelo pensei em viver na linha de frente de uma epidemia de microcefalia de causa desconhecida. Esse grupo (que estava na linha de frente) foi um grupo de clínicos, trabalhando em serviços públicos, que entendeu que se tratava de uma questão que transcendia qualquer instituição e deveria haver colaboração – destacou Celina após receber o prêmio das mãos do vice-presidente do grupo Globo, João Roberto Marinho, e do Diretor de Redação do Globo, Ascânio Seleme.

Segundo ela, a resposta rápida ao problema foi possível em grande medida devido à robustez das instituições.

– Reconheço e tenho imensa confiança que essas instituições de pesquisa e a formação de jovens receberão cada vez mais apoio.

Adriana Melo chamou atenção, no entanto, para a falta de recursos.

– Parece absurdo, mas só esse ano alguns grupos de pesquisa receberam recurso. No começo houve uma força-tarefa de pesquisadores que resolveram sair do seu conforto.

A obstetra ressaltou que o maior problema causado pela epidemia do zika continua esquecido pelo poder público.

– Peço que não se deixe esquecer dessas crianças (com microcefalia). Hoje o Brasil tem mais de 2 mil crianças que estão esquecidas. Simplesmente a sociedade aceitou que essas crianças eram uma geração de sequelados, quando não são – criticou a médica. – As mães dessas crianças fizeram a diferença. Elas doaram sangue de seus filhos, cérebro de seus filhos, para que nós pesquisadores e população pudéssemos entender a doença. E o que a sociedade fez por elas? Somos todos capazes de assistir essas crianças que estão pedindo socorro.

Paulo Artaxo fala da importância da sustentabilidade em cerimônia

O Acadêmico Paulo Artaxo Netto, ao receber seu prêmio, aproveitou o espaço para dizer que o Prêmio Faz Diferença vai dar ainda mais visibilidade aos questionamentos sobre a poluição atmosférica no maior bioma brasileiro.

José Casado, Paulo Artaxo Neto e Rubens Paiva | Fotografia: Gabriel de Paiva/Agência O Globo

– A sustentabilidade, que foi o prêmio que me foi atribuído, é uma das questões centrais da estrutura social que temos hoje. Desde garantir a sustentabilidade social, econômica, ambiental, que não é mais uma questão de ambientalistas, mas de toda a sociedade – disse Artaxo, que recebeu o prêmio do colunista José Casado e do editor de Arte, Rubens Angelo de Paiva Ribeiro.

Leia aqui a matéria original do jornal O Globo sobre a premiação de Adriana Melo e Celina Turchi e aqui, a premiação de Paulo Artaxo.