Na quarta-feira, 22 de março, os representantes de Academias de Ciência dos 20 países com as maiores economias do mundo – que formam o G20 – se reuniram no Science 20 Dialogue Forum, em Halle (Saale), Alemanha, onde entregaram nas mãos da chanceler alemã Angela Merkel um documento que sintetiza as recomendações destas Academias para as futuras estratégias de gestão da saúde global. A Academia Brasileira de Ciências foi representada durante a criação do documento pelo Acadêmico Protásio Lemos da Luz. “Como esperado, as discussões foram de alto nível. O objetivo da reunião foi formular um documento curto, simples, claro e enfático que incluiu sugestões da área acadêmica aos governos, uma vez que constatou-se que muitos problemas são comuns a vários países”, explicou o Acadêmico. Acesse o documento.
No trabalho, os cientistas abordam estratégias para o combate de doenças infecciosas e não infecciosas que “ameaçam o bem-estar individual e a saúde global e prejudicam a economia global”. Lembram que uma epidemia em um país pode afetar diversas partes do mundo, como aconteceu com o Ebola e a Zika e que é urgente um preparo global para futuros casos como esses.
As recomendações expressas pelo texto foram divididas em três grandes áreas que contemplam pontos como a consolidação de sistemas de saúde público e cuidados de saúde às populações; aplicação efetiva de medidas de prevenção e emergenciais ( como vacinações, campanhas de conscientização, etc); ações relativas aos fatores sociais, ambientais e econômicos que afetam a saúde coletiva; redução dos riscos de propagação de doenças por meio de educação e promoção de hábitos para um estilo de vida saudável; garantia de acesso à saúde globalmente.
Para que todas essas medidas e estratégias possam ser efetivas, o incentivo à pesquisa para que se atinjam avanços significativos é essencial. “A pesquisa científica contribui para o entendimento das causas e contextos de diferentes doenças e como eles se relacionam. Esse conhecimento permite medidas mais efetivas de intervenções médicas, prevenção e controle de doenças. A aplicação do conhecimento já existente, no entanto, tem sido inadequada”, pontua o texto.
Nos dias 7 e 8 de julho deste ano, os governantes dos países que compõem o G20 se encontrarão na reunião de cúpula anual do grupo. Lá será discutido, além de assuntos de natureza econômica e política, em escala global, a questão da saúde, e o documento produzido pelas Academias terá um importante papel neste debate, dando voz à comunidade científica nesse processo.
“O paradoxo atual na saúde é que os governos têm a força para fazer as leis, mas não necessariamente o conhecimento de que é melhor. Já as academias têm o conhecimento, mas não a força para aplicá-lo. A ideia aqui perseguida é associar força e conhecimento para promover o bem estar da população”, esclarece Protásio Lemos da Luz.