Desde 2007 buscando identificar e dar reconhecimento aos melhores jovens cientistas do mundo em desenvolvimento, a Academia Mundial de Ciências (TWAS), por meio dos seus cinco Escritórios Regionais, elegeu 239 pesquisadores como Jovens Afiliados da TWAS. Eles se reuniram durante a 27ª Reunião Anual da TWAS na cidade de Kigali, em Ruanda, em 2016, quando criaram oficialmente a TWAS Young Affiliates/Alumni Network (TYAN, na sigla em inglês) e começaram a planejar uma série de esforços ambiciosos.

Competência científica, energia e a urgência em promover responsabilidade social são qualidades que os membros da recém-criada TYAN compartilham. A rede formada pretende reforçar os laços entre os Jovens Afiliados e Alumni da TWAS. Jovens cientistas, de fato, representam um grupo proativo de experts científicos no mundo em desenvolvimento e podem oferecer retorno rápido para necessidades que tenham no dia a dia. Compartilhando seus conhecimentos científicos, habilidades e ideias, eles podem gerar impacto nos países em desenvolvimento por meio da organização de oficinas científicas, redes e encontros abertos com formuladores de políticas públicas, empresários, jornalistas e o público em geral.

“A fundação e desenvolvimento da TYAN é uma boa plataforma para colaboração e comunicação entre jovens cientistas” disse o presidente da TWAS Bai Chunli. “Penso que a TYAN se tornará uma plataforma na qual jovens cientistas poderão dar suas contribuições para a excelência da ciência e também encorajar a colaboração nos países em desenvolvimento. Eu acredito que, com sua sabedoria e capacidade, a TYAN será um sucesso no futuro.”

O idealizador da rede

A TYAN foi imaginada dois anos antes por Yin Li, diretor do Centro de Excelência em Biotecnologia CAS-TWAS, em Pequim. “Fui eleito Jovem Afiliado em 2010 e participei da minha primeira Reunião Geral da TWAS em Trieste, em 2011”, disse Li. “Imediatamente realizei que os Jovens Afiliados eram um poderoso recurso para a Academia, mas que exerciam um papel menor na família TWAS. Há uma conexão vertical entre eles e a TWAS e não uma relação horizontal, como deveria ser. Eu senti que precisava fazer alguma coisa.”

Yin Li, que foi o ganhador do 2012 TWAS Regional Prize for Building Scientific Institution é também diretor geral do Instituto Tianjin de Biotecnologia Industrial, um instituto nacional de pesquisa sem fins lucrativos criado pela Academia de Ciências da China (CAS) e pelo Governo Municipal de Tianjin em 2012. Também atua como professor no Instituto de Microbiologia da CAS em Pequim, fundado em 1959 e que hoje é a maior instituição nacional de pesquisa em ciências microbiológicas.

O Programa de Jovens Afiliados da TWAS

O Programa de Jovens Afiliados da TWAS foi oficialmente criado em 2007. A cada ano, os cinco escritórios regionais selecionam cinco cientistas de excelência com menos de 40 anos, em um momento de suas carreiras em que levam valiosa energia e perspectivas para a Academia. Depois de cinco anos, eles se tornam Alumni.

Mas, na visão de Li, os Jovens Afiliados ainda não tiveram possibilidade de usar essas boas oportunidades para contribuir para o desenvolvimento da TWAS. Por isso, ele persistiu na ideia de estabelecer uma rede por meio da qual esses pesquisadores se comuniquem, trabalhem juntos, façam novas parcerias e compartilhem conhecimentos e problemas, fornecendo à TWAS importante retorno sobre as necessidades urgentes dos jovens cientistas nos países em desenvolvimento. A TWAS e a Academia Chinesa de Ciências receberam bem a proposta e a companhia chinesa Lenovo, a maior empresa de microcomputadores do mundo, apoiou a iniciativa por meio de uma contribuição de 150 mil dólares anuais por três anos.

“É uma iniciativa estratégica que vai levar à TWAS nova energia e criatividade”, disse o coordenador de programas da TWAS, Max Paoli. “Atualmente, temos 250 Jovens Afiliados e Alumni. Em torno de 60 deles concordaram entusiasticamente em participar desse projeto e estamos confiantes que muitos mais vão se juntar a eles e fortalecer as relações quando o grupo estiver totalmente operante.”

Metas e estrutura da TYAN

Durante o encontro em Ruanda, os membros da recém-formada plataforma TYAN discutiram as atividades que a rede deveria buscar desenvolver nos meses seguintes, incluindo a construção de relações com outras Academias, como a Global Young Academy (GYA), estabelecendo novos programas de cooperação.

Outra tarefa fundamental é desenvolver a responsabilidade social da TYAN, trabalhando pelas Metas do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, promovendo a ciência e tecnologia nos países em desenvolvimento e investindo na popularização da ciência.

O primeiro Comitê Executivo da TYAN foi eleito em Kigali, para substituir a equipe temporária que conduziu o trabalho inicial no ano anterior. O Comitê é equilibrado tanto em relação a gênero como em composição geográfica.

Além de Yin Li, há mais sete membros eleitos para o Comitê:

Jalila Ben Salah-Abbès, professora associada do Instituto Superior de Biotecnologia de Monastir, na Tunísia;
Patricia Zancan, professora associada da Universidade Federal do Rio de Janeiro, no Brasil;
Franco Martin Cabrerizo, professor associadodo do IIb-Intech, em Chascomús, na Argentina;
Bolanle Ade Ojokoh, professora da Universidade Federal de Tecnologia em Akure, na Nigéria;
Collet Dandara, professor associado da Universidade de cape Town, na África do Sul;
Sok Ching Cheong, professora adjunta da Universidade da Malásia em Kuala Lumpur, na Malásia;
Yusuf Baran, professor na Universidade Abdullah Gul em Kayseri, na Turquia.

Sok Ching Cheong, Yin L, Franco Martin Cabrerizo, Bolanle Ade Ojoko, Patricia Zancan,
Yusuf Baran, Jalila Ben Salah-Abbès e Collet Dandara

A brasileira Patricia Zancan foca sua pesquisa no metabolismo do câncer, tentando identificar alvos importantes para a sobrevivência dos tumores que possam ser regulados com novas drogas. “Eu penso que a TYAN vai nos ajudar a expandir nossa rede de colaboração assim como criar oportunidades para nossos estudantes fazerem intercâmbio em laboratórios estrangeiros”, afirmou. Ela anunciou que que o Brasil vai receber, em 2017, a primeira reunião geral da TYAN. “O Escritório Regional para América Latina e Caribe da TWAS [TWAS-ROLAC] e o Conselho Internacional para Ciência [ICSU] me pediram para organizar um evento no Rio de Janeiro em 2017. Nós recebemos também o apoio da Academia Brasileir
a de Ciências. Vou trabalhar duro para que seja um sucesso.”

A 1ª Conferência Internacional da Rede de Jovens Afiliados da TWAS (TYAN)

Alinhada com o objetivo de fortalecer a interação entre os Jovens Afiliados e de fornecer uma nova plataforma para jovens cientistas contribuírem com seu conhecimento e habilidades para o desenvolvimento da TWAS e da C&T nos países em desenvolvimento, a TYAN propôs a organização da sua Conferência Internacional Inaugural no Rio de Janeiro, no final de agosto ou início de setembro de 2017.

Os objetivos da Conferência incluem divulgar a ciência feita não somente no Brasil e na região do ROLAC, mas também nas outras regiões que compõem a TWAS, reunindo mentes brilhantes para explorar colaborações científicas multi/transdisciplinares, com temáticas específicas focadas nos objetivos do desenvolvimento sustentável. Além disso, mesas redondas discutirão a aplicabilidade das pesquisas nos em desenvolvimento visando a melhoria da qualidade de vida nestas regiões, além da inclusão de países sub-representados na própria TWAS. Por fim, a Conferência objetiva favorecer conexões e colaborações científicas e contribuir para a formação de indivíduos capazes de atuar na política científica.

O evento será no Rio de Janeiro, entre o final de agosto e o início de setembro 2017, e conjuga a parceria entre a TWAS, a TYAN, o Escritório Regional da TWAS para América Latina e Caribe (TWAS-ROLAC), o ICSU-ROLAC e a Academia Brasileira de Ciências (ABC).

O propósito é reunir uma centena de Jovens Afiliados TWAS da América Latina e Caribe e de cada uma das quatro outras regionais da TWAS e congregá-los com os Membros Afiliados da ABC.

Saiba mais sobre o formato da reunião e os contatos.