Daniel Cunha Elias sempre gostou de engenharia, mas não se via como engenheiro. Foi quando descobriu que poderia fazer coisas semelhantes às de um engenheiro, mas com um enfoque mais científico, sem ter a preocupação em desenvolver um produto para a indústria.

Nascido na cidade de Uberaba, em 1978, Daniel tinha um irmão mais novo. Tiveram uma infância tranquila em Belo Horizonte, jogando muitos videogames. Sempre gostou de estudar história, ciências, matemática, física e educação religiosa. Adorava as aulas práticas de ciências no laboratório do colégio. O pai era engenheiro da FIAT e a mãe, microempresária.

Quando entrou para o curso de física da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), já no segundo ano Elias foi monitor no Laboratório de Demonstrações, fez iniciação científica (IC) a partir do 5º período em magnetotransporte de semicondutores e conta que desde a monitoria já sabia iria trilhar o caminho da pesquisa.

Entusiasmado com seu trabalho de IC, onde trabalhava com fabricação e caracterização elétrica de dispositivos semicondutores, no mestrado trabalhou com magnetofotoluminescência de dispositivos semicondutores, mas no doutorado voltou a lidar com magnetotransporte, sempre na UFMG. Contudo, trocou os semicondutores pelo grafeno. Em 2006 Elias produziu a primeira amostra de grafeno por clivagem micromecânica no Brasil e em 2007 trabalhou cmo pesquisador adjunto na Universidade de Manchester, no Reino Unido, com os desenvolvedores dessa técnica, os professores Andre Geim e Kostya Novoselov – ganhadores do Prêmio Nobel de Física em 2010 por terem isolado o grafeno. Com eles, Elias publicou um artigo na Science que hoje tem mais de 2.500 citações.

Hoje Daniel Elias é professor adjunto do Departamento de Física da UFMG e coordena o Laboratório de Processamento de Dispositivos da UFMG. Continua trabalhando com fabricação de dispositivos de grafeno, assim como com a caracterização das propriedades eletrônicas e de condução dos mesmos. Seu trabalho também se estende a outros materiais que, como o grafeno, também podem ser obtidos com cristais bidimensionais. Também atua na produção de grafeno em larga escala e colabora com diferentes grupos de pesquisa. “Gosto de pesquisar novos materiais, fazer dispositivos eletrônicos a partir deles, mas de não ter o compromisso de fazer algo que necessariamente tenha um valor comercial. Assim, além de estudar esses dispositivos, posso também usá-los para estudar física básica”, declarou.

Apaixonado pela esposa, Elias diz que gosto de ter uma vida serena e pacata ao lado dela, que inclui cinema, culinária e teologia. “E acima de tudo, que tenho a responsabilidade de produzir cada vez mais para que a ciência cresça no país.”