No início do século 20, jovens movidos pela curiosidade desenvolveram uma nova concepção da natureza: a física quântica. Não tinham a menor ideia das possíveis aplicações dessa teoria. Cem anos depois, cerca de 1/3 do produto interno bruto (PIB) norte-americano baseava-se em tecnologias resultantes daquela nova física: o laser, a ressonância magnética nuclear, o transistor, os computadores. A curiosidade daqueles jovens levou a revoluções tecnológicas que transformaram o mundo.
Conscientes da importância da ciência em tempos de evolução acelerada do conhecimento, e apesar de estarem envolvidos em grave crise econômica global, vários países têm aumentado o investimento em ciência e inovação tecnológica. Em 2012, a China aumentou o investimento na pesquisa básica em 26%. Em 2020, China e União Europeia pretendem alcançar, respectivamente, 2,5% e 3% do PIB em pesquisa e desenvolvimento (P&D). Coreia do Sul e Israel já investem cerca de 4% do PIB em P&D. Os EUA, 2,8%.
Já o Brasil investe hoje menos que 1,5% do PIB em P&D e, desde 2013, tem reduzido substancialmente os recursos para ciência e tecnologia (C&T). O orçamento atual do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC), menos de R$ 5 bilhões, está longe do valor de 2013, corrigido pela inflação: R$ 10 bilhões. A adição do C final ao MCTI não trouxe os recursos correspondentes…
É urgente reverter essa tendência. Como demonstram outros países, é possível fazer ajustes na economia, em épocas de crise, e aumentar ao mesmo tempo o investimento em ciência, tecnologia e educação, pilares essenciais da ponte para o futuro.