Pesquisador em neurociência visual, o caminho para a carreira de pesquisador nem sempre foi claro para Givago da Silva Souza, eleito membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências para o período 2016-2020. Nascido em Belém do Pará, o jovem cientista cursou, simultaneamente, as graduações em ciências biológicas e fisioterapia, pela afinidade mútua às duas áreas. Apenas na pós-graduação decidiu seguir pelo lado da pesquisa.

Filho de um professor de matemática de ensino fundamental e de uma dona de casa, Souza tem três irmãos, que estudaram direito, pedagogia e matemática. Na escola, não tinha preferência por nenhuma matéria: “A cada ano tinha uma disciplina em que me destacava e outra em que ia mal”, conta.

“Não lembro o real motivo de me interessar por ciência, mas sempre tive curiosidade de entender como as coisas funcionam. Meus pais sempre me incentivaram de algum modo a buscar o conhecimento das coisas.” Ele teve uma infância tranquila ao lado da família: gostava de jogar futebol na rua e brincar com bonecos em casa.

Como cursava duas graduações ao mesmo tempo, Souza não fez iniciação científica. “Tive pouca interação com pesquisa durante esse período porque a maior parte do tempo estava assistindo aula em um dos dois cursos.” Quando se formou, foi aprovado no mestrado em neurociências e biologia celular na Universidade Federal do Pará (UFPA) e decidiu, então, que carreira gostaria de seguir.

No mestrado, Souza entrou em um laboratório de pesquisa que tinha enfoque em neurociência visual. Lá, começou a investigar como o sistema visual processa as informações de cor e luminância. “Segui a mesma linha de pesquisa durante o doutorado [também realizado na UFPA] e até hoje este é o foco de meus interesses em pesquisa. A interação e as discussões com os parceiros de laboratório foram os pontos altos no amadurecimento ao longo da pós-graduação.”

Investigando alterações no sistema visual

Souza explica que as imagens naturais são compostas por uma mistura de intensidade luminosa e cores. Estas informações são processadas separadamente no sistema visual desde a sua primeira camada neural, a retina. “Estas informações seguem separadas por diferentes canais de transmissão da informação neural da retina até a primeira área do cérebro que processa a informação visual, o córtex visual primário.”

Em seus estudos, Souza e sua equipe registram a atividade elétrica do cérebro provocada pelo aparecimento do estímulo visual. Também investigam a relação das características físicas do estímulo visual com a percepção consciente do estímulo, e buscam correlacionar com o processamento paralelo do sistema visual. “Este conhecimento pode nos ajudar a desenhar novos métodos de diagnosticar, de forma precoce, alterações funcionais do sistema visual.”

O membro afiliado considera a evolução a parte mais encantadora da ciência de maneira geral. “Em minha área, especificamente me agrada o estudo de visão de cores”, diz Givago Souza (na foto com o Acadêmico Roberto DallAgnol), que afirma estar honrado por ter sido indicado para ABC. “Espero interagir com os demais membros da Academia em busca de ações que favoreçam a divulgação científica e a formação de recursos humanos em ciências. Buscarei justificar cada vez mais a confiança a mim atribuída.”

Nas horas vagas, Souza gosta de ler sobre história e ficção científica. Não é fã de assistir a filmes, mas gosta de esportes, além de viajar e conhecer novos lugares. “Também sou caseiro e gosto de cozinhar”, conta o cientista.