Um novo estudo liderado por cientistas brasileiros mostrou que a microcefalia é apenas uma entre várias alterações cerebrais provocadas pela infecção congênita pelo vírus zika. O estudo, publicado na revista científica Radiology, descreveu com precisão as áreas do cérebro mais afetadas e o grau de severidade dos danos.

De acordo com os autores, o estudo, que incluiu 45 bebês nascidos no Brasil infectados com zika, é a maior coleção de imagens dos danos causados pelo vírus além da microcefalia. Os crânios dos bebês frequentemente tinham aparência “desmoronada”, “com suturas sobrepostas e dobras redundantes na pele”, segundo o artigo.

A pesquisa foi realizada por cientistas do Instituto DOr de Pesquisa e Ensino (Idor), com sede no Rio de Janeiro, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Instituto de Pesquisa Professor Amorim Neto (Ipesq), em parceria com a Universidade de Tel Aviv (Israel) e do Hospital Infantil de Boston (Estados Unidos).

Usando tomografia computadorizada, imagens de ressonância magnética e ultrassom, o estudo avaliou mulheres grávidas, fetos e recém-nascidos infectados pelo vírus da zika, de acordo com a autora principal do artigo, Fernanda Tovar-Moll, pesquisadora do Idor e da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências.

Segundo ela, o estudo foi “essencial para identificar a severidade das alterações neurológicas induzidas pela infecção viral no sistema nervoso central em desenvolvimento”. “Nós estamos desenvolvendo um estudo de seguimento para investigar como a infecção congênita pelo vírus da zika pode interferir não apenas no período pré-natal, mas também na maturação pós-natal do cérebro. A microcefalia é apenas a ponta do iceberg”, disse Fernanda.

Embora quase todos os bebês avaliados no estudo tenham apresentado anomalias na circunferência da cabeça, casos de circunferência normal também foram registrados em bebês com ventriculomegalia severa.

“A severidade das más-formações corticais associada às alterações nos tecidos e a localização das calcificações na junção entre massa branca e massa cinzenta foram os achados mais surpreendentes da nossa pesquisa”, disse Fernanda.

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