Há grandes oportunidades para jovens pesquisadores brasileiros na Europa, e os participantes do 3º Encontro Nacional de Membros Afiliados da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que aconteceu de 27 a 29 de julho na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), em Belo Horizonte, puderam conhecer boa parte desses programas, em uma sessão especialmente dedicada ao tema. A representante nacional do Euraxess Brazil, Charlotte Grawitz, apresentou oportunidades de financiamento para a carreira de jovens pesquisadores e um projeto de divulgação científica interessante para todos os cientistas.

Euraxess Brazil é uma ferramenta criada pela Comissão Europeia em 2003, para facilitar a mobilidade de pesquisadores que querem ir para o continente. É uma iniciativa pública e todos os seus serviços são gratuitos. O objetivo principal não é apenas promover a mobilidade, mas desenvolver a carreira dos pesquisadores, fornecendo informação e serviços. Constitui uma rede em 40 países na Europa e seis não europeus, como Israel e Turquia.

“A Europa tem muito a oferecer aos pesquisadores”, afirmou Charlotte. “Tem o maior orçamento para pesquisa do mundo, algumas das melhores universidades e um interesse cultural muito forte.” A Euraxess tem quatro pilares: Euraxess Jobs, um portal de oferta de trabalho, pesquisa e financiamento na Europa; Euraxess Services, um centro de serviço na Europa que apoia os pesquisadores e suas famílias quando eles vão para lá; Euraxess Rights, que cuida dos direitos e deveres dos pesquisadores e recrutadores; e Euraxess Links, que conecta pesquisadores de todas as nacionalidades ao redor do mundo.

A Euraxess Jobs é uma plataforma onde todas as instituições podem anunciar as suas vagas. Em 2015, foram 40 mil vagas em universidades, laboratórios e empresas publicadas – todas as vagas financiadas pela Comissão Europeia, por exemplo, são publicadas ali. Instituições brasileiras também podem divulgar suas vagas, se quiserem atrair pesquisadores europeus. Nessa plataforma, os pesquisadores podem cadastrar seus currículos e fazer uma busca por vários critérios. Todas as áreas são cobertas.

Charlotte informou que, para viabilizar uma estadia de pesquisa na Europa, há três frentes principais. Uma é o programa Erasmus, que financia a mobilidade de estudantes, doutores, professores e staff das universidades. A segunda é a MSCA – Marie Sklodowska Curie Actions. O requisito é que tem que haver mobilidade e o intercâmbio deve ser intersetorial, interdisciplinar. As bolsas são para pesquisadores a partir do mestrado completo e que vão se formar doutores. “São financiamentos confortáveis para fazer pesquisa com tranquilidade.” Há uma chamada para uma bolsa específica chamada individual fellowship, aberta até setembro.

A terceira frente é o European Research Council (ERC), que oferece bolsas para projetos de pesquisa, individuais, no valor de 5 milhões de reais, por cinco anos. Não é necessário deixar o laboratório, e é voltado para pesquisas arriscadas. Financia pesquisadores que tenham pelo menos o doutorado + dois anos de experiência. “Atualmente, há apenas três brasileiros beneficiados por esse programa”, contou Charlotte.

Charlotte informou que o Euraxess Services envolve 600 pessoas na Europa que trabalham no dia a dia com mobilidade de pesquisadores. Eles respondem a perguntas básicas que geram dúvidas nos intercambistas, como às relacionadas ao visto, saúde, escola para os filhos, aposentadoria etc. Já o Euraxess Links está presente na Ásia, Brasil, China, Índia, Japão e América do Norte.

Charlotte apresentou, também, o projeto Euraxess Science Slam, um concurso de comunicação científica cujo desafio dado ao cientista é apresentar sua pesquisa de forma criativa, em dez minutos, para um público leigo. É aberto a todos os pesquisadores ativos no Brasil, a partir de mestrandos, de todas as áreas, incluindo ciências humanas e sociais. As inscrições estão abertas até 15 de setembro pelo site do concurso.

O prêmio para o vencedor é uma viagem à Europa para visitar um instituto de pesquisa. Os cinco finalistas terão direito a um coaching individual e a um workshop de comunicação científica antes da final, que acontece no Rio de Janeiro, em outubro, na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.