No final de 1993, Flávia Lima Ribeiro Gomes tinha 18 anos e era uma das alunas da primeira turma do curso de Biociências e Biotecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (Uenf), em Campos dos Goytacazes, sua cidade natal. Nessa época, disputou e conseguiu uma vaga na primeira chamada para iniciação científica da faculdade, fundada em 1991.
“Identifiquei-me imediatamente com o Laboratório de Biologia Celular e Tecidual; o mundo visto através do microscópio era algo que me fascinava”, relembra a cientista, eleita membro afiliado do Rio de Janeiro da Academia Brasileira de Ciências para o período 2016-2020.
Perto de concluir seu primeiro ano como aluna de iniciação científica e seu segundo como graduanda, Flávia foi diagnosticada com púrpura trombocitopênica idiopática, doença autoimune caracterizada pela destruição das plaquetas. “Foram seis meses que gostaria de resumir assim: Venci! Quando retornei à universidade, todos os professores me recepcionaram com intenso apoio, o que foi fundamental para superar as dificuldades e encarar os desafios”, diz a pesquisadora.
De volta à universidade, Flávia retomou as disciplinas e uma em especial lhe despertou o interesse: a imunologia. “Certamente, a minha paixão pela imunologia veio da vontade de compreender melhor o que acontecera comigo. Não tive dúvidas em decidir que iria direcionar minha pesquisa para o estudo da imunoparasitologia.” No Laboratório de Biologia do Reconhecer (LBR), sob orientação da Profa. Andréa Cristina Veto Arnholdt, ela foi aluna de iniciação científica com bolsa do CNPq de 1995 até 1997.
Sem pular etapas
Apesar da possibilidade de seguir direto para o doutorado, Flávia preferiu fazer o mestrado, por considerar uma etapa importante em sua formação. Continuou se dedicando a seu projeto de pesquisa com orientação de Andréa Arnholdt.
Ao concluir o mestrado, em 1999, a bióloga acreditou que poderia ir mais longe em sua pesquisa na área da imunoparasitologia e iniciou uma nova etapa de seu doutorado na UFRJ, sendo orientada pelo Acadêmico George A. dos Reis.
Em 2007, Flávia iniciou seu pós-doutorado no Laboratório de Doenças Parasitárias (LPD), do Instituto de Ciências (NIH) dos Estados Unidos, orientada por David Sacks.
Ciência para a sociedade
Flávia Gomes afirma que o que mais lhe encanta na ciência é “a possibilidade de gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico, promover a saúde e o desenvolvimento social”. Atualmente, sua pesquisa busca terapias para infecções parasitárias causadas por protozoários, como Leishmania e Plasmodium, a partir do conhecimento da imunopatogênese destas doenças.
Na ABC, a pesquisadora espera se aproximar dos membros titulares, de autoridades do mundo científico brasileiro e de outros pesquisadores jovens, com o objetivo de divulgar a ciência no país.