Daniel Sadoc teve, durante a infância, um ambiente propício para o raciocínio científico em sua casa. Filho de uma professora e de um engenheiro civil, o menino dialogava com seu pai sobre as múltiplas interpretações de um livro de história, a teoria dos conjuntos e os números transfinitos da matemática, assuntos pelos quais se interessa até hoje. Este ano, Sadoc foi eleito um dos membros afiliados da Academia Brasileira de Ciências, Regional Rio de Janeiro, para o período 2016-2020.

Nascido no Rio de Janeiro em 1980 e criado em Copacabana, Sadoc gostava de Lego, jogos de tabuleiro e kits de ciência durante a infância. Sua irmã mais nova, hoje formada em comunicação e doutoranda em literatura, foi responsável por dar dicas de redação ao irmão durante o período do vestibular.

Durante o ensino médio no Instituto de Tecnologia ORT, no Rio de Janeiro, Daniel Sadoc já havia decidido que seguiria a carreira de pesquisador. Estimulado pela ideia de poder melhorar a vida das pessoas, pensou em fazer medicina e foi aprovado no vestibular da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), mas acabou preferindo o curso de computação para o qual foi aprovado na UFRJ e era outro assunto de seu interesse.

“Comecei a iniciação científica no terceiro período da graduação, sob a orientação do professor [e Acadêmico] Edmundo de Souza e Silva, e desenvolvi o gosto por modelos matemáticos de sistemas de computação”, recorda Sadoc.

Após a graduação, Sadoc realizou o mestrado na UFRJ com Edmundo Silva e co-orientado por Daniel Ratton Figueiredo. Após o mestrado, fez estágio no instituto de pesquisa francês INRIA com o professor Eitan Altman. Iniciou seu doutorado na área de controle de congestionamento na Internet, se preparando para ingressar no doutorado, na Universidade de Massachusetts em Amherst (UMass), sob a orientação do professor Don Towsley, membro correspondente da ABC.

Em 2011, tornou-se professor do Departamento de Ciência da Computação da UFRJ. Atualmente, Sadoc se dedica a modelagem analítica de sistemas, com foco em desempenho, disponibilidade e segurança. “No contexto de redes de computadores, procura-se avaliar e aprimorar o desempenho dos protocolos envolvidos na Internet”, explica o cientista. “Recentemente, algumas destas ideias tem encontrado novos domínios de aplicabilidade como a melhora nas redes de água, gás e energia envolvidas nas cidades inteligentes.”

Respostas universais

“Em geral, o que me encanta na ciência é o processo de formular perguntas novas, sobre coisas que nunca tenham sido questionadas antes”, define Sadoc, “ou analisar essas questões sob ângulos nunca antes considerados e buscar por respostas com aceitação universal.”

Esse aspecto universal, define Sadoc, ultrapassa barreiras culturais e políticas. “A ciência tem a capacidade de levar o ser humano a patamares nunca antes alcançados.” Para Sadoc, os experimentos práticos suscitam novas dúvidas, que geram mais teorias. “Em minha área, a combinação de teoria e prática me motiva muito”, afirma.