Mosquito Aedes aegypti também é transmissor da febre amarela
Em rápida comunicação durante a Sessão Plenária do dia 19 de maio, na Academia Nacional de Medicina (ANM), o Acadêmico e Infectologista Celso Ramos Filho fez breve relato de reunião de emergência realizada pela Organização Mundial de Saúde em relação à febre amarela na África e possibilidade de transmissão para outros países, incluindo o Brasil.
Existe uma epidemia de Febre Amarela transmitida por Aedes aegypti desde dezembro de 2015 em Angola, com 2.560 casos suspeitos/confirmados, tendo sido confirmadas 293 mortes até o dia 12 de maio de 2016.
Foram detectados casos de Febre Amarela em 14 de 18 províncias, sendo a capital Luanda o foco principal da doença com 70% dos casos. Existe transmissão local da doença em 7 províncias.
Foram detectados 44 casos na República Democrática do Congo (antigo Zaire / Congo Belga), que faz fronteira com Angola. Foram também detectados 2 casos no Quênia.
Existe uma epidemia independente em Uganda com 58 casos confirmados.
Na China já foram diagnosticados 11 casos de Febre Amarela importada de Angola.
Com respeito à vacinação contra Febre Amarela, a informação é que:
Foram enviadas 11,700 milhões de doses Angola
Existe previsão de vacinar 2,2 milhões de pessoas na República Democrática do Congo
Em Uganda a previsão de vacinar “pelo menos” 300 mil pessoas (mais de 600 mil pessoas estão sob risco). A informação recente é de que a vacinação será gratuita, embora houvesse previsão de cobrança, anteriormente.
A reunião de um Comitê de Emergência, de acordo com o Regulamento Sanitário Internacional,realizada pela OMS em 19 de maio apresentou às seguintes conclusões:
• O Comitê não julgou necessário declarar a situação em Angola como uma Emergência Sanitária de Interesse Internacional.
• Julgou necessário assegurar que todas as pessoas viajando para Angola ou República Democrática do Congo, ou de lá advindas, sejam obrigatoriamente vacinadas contra Febre Amarela.
• Face à escassez de vacinas, recomendar que se abandone a prática de reforços vacinais a cada 10 anos (seja feita dose única).
Situação no Brasil:
• Até o presente, o Brasil não exige apresentação do Atestado Internacional de Vacinação contra a Febre Amarela por viajantes oriundos destas áreas.
• Há sete voos semanais entre Luanda e Rio de Janeiro e São Paulo. Potencialmente, 8.400 pessoas ao mês – ou cerca de 50.000 viajantes desde o começo da epidemia em Luanda.
• No começo de fevereiro, o Presidente da ANVISA foi alertado a iniciar a exigência para viajantes oriundos de Angola.
Deve-se ainda lembra aos médicos e à população que a Febre Amarela tem um curto período de incubação (3 – 6 dias) e como ocorre com dengue e zika, a maioria das infecções é assintomática. As formas leves da doença se manifestam por febre, cefaleia e dores musculares, quadro clinicamente indistinguível de outras viroses – como dengue, chikungunya e zika. As formas graves se distinguem pela ocorrência de hemorragias, icterícia e insuficiência renal, e têm uma letalidade que atinge 50%.
A Febre Amarela não pode ser negligenciada. As cidades do Rio de Janeiro e São Paulo não são áreas endêmicas de Febre Amarela. Assim, a vacinação não faz parte do calendário vacinal nas duas capitais: as suas populações são em grande parte não-imunes contra o vírus.