No primeiro dia do evento, palestrantes discutiram sobre segurança alimentar e a necessidade de mais investimentos em ciência e tecnologia
Discutir a segurança alimentar do planeta, partindo da melhoria dos índices de qualidade e produtividade, por meio do investimento em pesquisa científica, melhoramento de plantas e animais e investimento em inovação no campo foi o objetivo no primeiro dia de palestras e painéis do encontro “A Pesquisa na Agricultura: Implicações para a Sustentabilidade e a Segurança Alimentar Global”, realizado nos dias 18 e 19 de abril no Castros Park Hotel, em Goiânia (GO), em comemoração aos 100 anos da Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O evento reuniu pesquisadores, autoridades e empresários ligados ao campo, especialmente da região Centro-Oeste do Brasil, e foi um dos eventos-satélites que serão realizados por todo o Brasil antecipando a Reunião Magna da ABC, que será realizada no Rio de Janeiro entre os dias 4 e 6 de maio.
Goiás foi escolhido para sediar o evento, dada a importância da região para a questão da produção de alimentos. Para isso, as atividades foram organizadas pela Vice-Presidência Minas e Centro-Oeste da ABC, em conjunto com as Fundações de Amparo à Pesquisa de Goiás (Fapeg), Minas Gerais (Fapemig), Distrito Federal (FapDF), Mato Grosso (Fapemat) e Mato Grosso do Sul (Fundect), e apoio do Governo de Goiás e do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap).
Para a presidente da Fapeg, Maria Zaira Turchi, é de extrema importância a escolha de Goiás e do Centro-Oeste para debater a produção de alimentos sustentáveis, tema relevante para a segurança alimentar global. “O Governo de Goiás, por meio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (Fapeg), tem orgulho em sediar o evento em comemoração aos 100 anos da ABC, com um tema de total relevância para a humanidade. É um desafio que o mundo propõe ao Brasil, de alimentar o planeta. E a ciência e a região Centro-Oeste têm um papel extremamente importante nesse contexto”, ressaltou durante a solenidade de abertura, na qual representou o governador do Estado, Marconi Perillo.
Ela afirmou, ainda, que as discussões mostram como a pesquisa científica pode dar respostas mais eficientes à agroindústria. “Essas respostas podem promover o salto em qualidade que os novos tempos exigem, especialmente quanto à garantia de alimentos e à sustentabilidade da produção”, complementou.
Segundo o presidente da Fapemig e um dos organizadores do evento, Evaldo Vilela, que também é membro da ABC, apesar do seu papel, a ciência ainda precisa achar caminhos para prosseguir e maneiras de chegar até a sociedade. “Precisamos dialogar mais com a sociedade e trazer a ABC para mais perto das pessoas. O Centro-Oeste mostra que a agricultura é renda, é qualidade de vida. E que se há problemas nós temos que agir pela ciência”, complementou.
Também presente na solenidade de abertura, o vice-presidente da regional Minas e Centro-Oeste, Mauro Teixeira, afirmou que essa ciência de laboratório vai chegar na vida das pessoas e que o Brasil ainda tem muito a construir. “Nossa ciência é jovem, temos ainda um longo caminho a percorrer”, concluiu.
Programação
Primeiro palestrante do evento, Eliseu Roberto de Andrade Alves (Embrapa Sede), apresentou cenários da Ciência e Tecnologia para a Agricultura Sustentável. “Temos que entender para onde caminha a nossa agricultura e ela caminha para ser poderosa. Mas não é a terra a responsável pelo sucesso, é a tecnologia”, afirmou.
Dando sequência na programação do evento, o palestrante Antônio Carlos Guedes, do CGEE/MCTI, apresentou limites, oportunidades e perspectivas para o desenvolvimento da agricultura sustentável no Centro-Oeste. Entre os destaques, abordou detalhes dos setores de sementes e mudas, defensivos, inoculantes, máquinas agrícolas, fertilizantes, indústria de rações, produtos veterinários, melhoramento, softwares e embalagens.
O palestrante Elibio Leopoldo Rech, da Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia e membro titular da ABC, foi quem abriu a tarde deste primeiro dia do evento em comemoração ao centenário da ABC, em Goiânia. Com o tema “Estrutura agrícola brasileira e intensificação sustentável da produção de alimentos e o uso da biodiversidade”, o palestrante destacou que é a biodiversidade que sustenta os sistemas aquíferos, ecossistemas, estabilidade climática, entre outros, o que, também, sustenta o setor agropecuário.
O painel sobre sustentabilidade na produção de carne bovina e de leite no Brasil foi destaque, logo em seguida, durante a tarde do primeiro dia do evento. Sobre pecuária de corte foram apresentados cenários pelo pesquisador Cléber Oliveira Soares, da Embrapa Gado de Corte. Do lado da pecuária leiteira, o pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, Alexandre Berndt. O painel foi mediado pelo diretor científico da Fapeg, Albenones José de Mesquita.
Já a segunda palestra da tarde teve como tema: “Que necessidades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) tem a agroindústria brasileira? “. O palestrante foi Edy Sousa Brito, da Embrapa Agroindustrial Tropical. Finalizando o primeiro dia de evento, o pesquisador da UFMT, João Carlos de Souza Maia, apresentou a questão da produção sustentável de grãos no Centro-Oeste. O professor destacou a transformação do conhecimento local em valores econômico, social e ambiental e a necessidade de articulação entre universidades e institutos de pesquisa com a economia.
Jantar
À noite, o Governo de Goiás reuniu autoridades estaduais e federais, representantes das academias e empresários ligados ao setor agrícola, no Palácio das Esmeraldas, em um jantar comemorativo aos 100 anos da Academia Brasileira de Ciências (ABC). O evento foi aberto pela presidente da Fapeg, Maria Zaira Turchi, que ressaltou a importância da escolha de Goiás e do Centro-Oeste para debater a questão da produção de alimentos sustentáveis e que destacou, também, o compromisso do governador Marconi Perillo com a ciência, em especial pelo seu empenho quando da criação da Fundação e, agora, por sua consolidação.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, anfitrião do jantar em homenagem à ABC, ressaltou a contribuição do Brasil Central para a produção de alimentos e o papel da ciência aplicada para o aumento da produtividade. Destacou, ainda, a criação da Fapeg e da Universidade Estadual de Goiás (UEG), durante seu governo, como compromissos em fomentar a ciência no Estado.
Confira aqui a matéria sobre o segundo dia do evento.