Entre os dias 17 e 19 de fevereiro, aconteceu em Tóquio a 11ª edição do Encontro Global das Academias de Ciências, evento que reúne anualmente representantes das principais instituições científicas de diversos países para discutirem questões de impacto global.
Os membros titulares José Antonio Marengo e Roberto Lent participaram do encontro representando a Academia Brasileira de Ciências (ABC) e discutindo os temas relacionados a suas áreas.
Pesquisador do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), Marengo participou do debate sobre a prevenção de catástrofes naturais e Roberto Lent, pesquisador do Departamento de Anatomia do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), participou da reunião sobre a biologia do cérebro e as doenças neurológicas. O terceiro tema debatido no encontro foi o desenvolvimento científico e todos os pesquisadores foram convidados a participar.
Do debate realizado, Marengo destacou o que chamou de “extensão do termo desastre natural”, abrangendo não apenas a prevenção de tragédias causadas por fenômenos ambientais, mas também desastres tecnológicos, como o rompimento das barragens em Mariana. “Foi o rompimento de uma estrutura de engenharia, não teve nada a ver com chuvas ou terremotos. “
Relatório
Ao final de cada uma das reuniões, realizadas desde 2005, os pesquisadores participantes discutem e elaboram um relatório com as conclusões e sugestões de soluções para os problemas debatidos. Esse documento é entregue aos representantes políticos dos países do G7 (Alemanha, Canadá, EUA, França, Itália, Japão e Reino Unido). Este ano, o texto será entregue em maio, durante um encontro dos líderes dos países, no Japão.
José Marengo define o relatório como um documento curto e conciso, para que os presidentes, primeiros-ministros e tomadores de decisão dos países possam absorver com facilidade. “Leva mais tempo a elaboração do documento do que a discussão do tema, pois precisa ser realmente uma coisa muito bem elaborada e concisa”, diz o pesquisador.
Embora o documento só seja entregue aos líderes do G7 e deixe de fora outros países que participaram da reunião – como Índia, China, Indonésia, África do Sul e Turquia -, Marengo acredita que a influência dos países mais ricos pode refletir positivamente sobre os países emergentes. “Alguns países em desenvolvimento, como o Brasil, têm uma certa interação com o grupo dos sete”, afirmou o Acadêmico. “Se os países mais ricos começarem a encarar a prevenção de desastres como algo presente na agenda, os demais países também vão se adequar a isso”, ponderou.