
Newton Barbosa, José Tasso Guimarães, Fabricio Baccaro, Igor Kaefer, Adolfo José Mota e Jerônimo Lameira Silva
A cerimônia de diplomação e o simpósio científico dos novos membros afiliados da ABC da região Norte foi realizada no Instituto Tecnológico Vale de Desenvolvimento Sustentável (ITV-DV), em Belém do Pará, no dia 6 de outubro de 2015. A mesa da sessão de abertura contou com o vice-presidente da ABC para a região Norte, Roberto DallAgnol, o diretor do ITV-DV e Acadêmico, José Siqueira, e o assessor técnico da ABC Marcos Cortesão.

Cortesão justificou a ausência do presidente da ABC, Jacob Palis, em cuja primeira gestão foram criadas as seis vice-presidências regionais da ABC e a categoria de membros afiliados, dando capilaridade à ABC no país e visibilidade aos cientistas de fora do eixo Rio-São Paulo. “O Prof. Jacob investiu na descentralização e costuma fazer questão de estar, sempre que possível, nesses encontros regionais – e essa é a 8ª edição deles.” Ele destacou o contexto difícil, com um novo ministro de C,T&I , Celso Pansera, recém-empossado. “A ABC já se reuniu com o novo ministro e está atenta às direções da política científica, não só para a Amazônia, que é uma de suas prioridades, mas para todo país.
O diretor do ITV-DV, José Siqueira, falou em nome da instituição, agradecendo a presença de todos e relatou sua experiência. Contou que sua formação acadêmica se deu no interior de Minas Gerais, “antes das ações governamentais de descentralização da ciência para fora do eixo central Rio-São Paulo, ocorrida há 20, 30 anos atrás.” Siqueira relatou que, naquela época, a Amazônia era um capítulo à parte, totalmente fora do contexto. Hoje, em sua visão, tudo está integrado. Mas, no Brasil, a pesquisa básica é centralizada nas universidades. “O ITV me atraiu por ser um novo modelo, um polo de ciência aplicada da iniciativa privada, que não abre mão da pesquisa básica, mas já com foco na aplicação com endereço certo. Todo o trabalho da Vale tem base científica. Hoje temos 34 pesquisadores e temos 30 vagas para pós-docs num edital aberto com o CNPq.”

Schneider informou que, com o advento da genômica nessa fase nova, e com a possibilidade de sequenciar genomas inteiros, abre-se uma nova perspectiva de estudos mais profundos que os feitos até então. “Acreditamos que essa nova área vai dar uma grande contribuição para contar a história filogenética dos primatas do Novo Mundo.”

Magnusson conta que trabalhou quase 20 anos estudando a biologia das espécies da Reserva Ducke. Estes estudos, entretanto, foram pouco úteis justamente porque não foram feitos de forma integrada e os dados eram incompletos. “Estudos de complementaridade só fazem sentido se o número de amostras é constante entre as áreas potenciais para conservação”, afirmou, comentando que também é preciso definir com quais escalas temporais, espaciais e com quais tomadores de decisão essa integração se dará. “Estudos integrados são mais complexos, mas muito mais eficazes.”

“É importante estudar o sistema de visão de cores dos primatas da Amazônia porque os do Velho Mundo são tricromatas [bastam três cores para se enxergar todas as outras], como a maioria dessa região. Mas no Novo Mundo, não: os machos, em sua maioria, são daltônicos (dicromatas) e as fêmeas tri ou dicromatas”, ressaltou.
O alouatta caraya é o único gênero de primata do novo mundo que tem a visão igual à dos humanos, por isso é tão importante estudá-lo. “Mas existe uma diferença fundamental: eles têm duas regiões de controle dos genes, mas nossa pesquisa mostrou que esse fato não modifica os resultados. Descobriu-se também que, entre outros fatores, esse primata come um tipo de folha vermelha que ele precisa visualizar, e que esse sistema visual é necessário para permitir que ele a diferencie das folhas verdes.”
Os novos membros
Após as palestras dos titulares, foram diplomados os novos membros afiliados. Na ocasião, também foi diplomado o membro afiliado Jerônimo Lameira Silva, eleito no ano anterior, mas que não pôde participar de sua diplomação porque estava em estágio de pós-doutorado nos Estados Unidos.
Conheça melhor os novos Acadêmicos nas matérias abaixo.
Para cursar ciências biológicas na USP, Adolfo Mota abandonou ma carreira militar de dez
anos e hoje trabalha na Amazônia, pesquisando as causas da diabetes Mody 2 e 3.
anos e hoje trabalha na Amazônia, pesquisando as causas da diabetes Mody 2 e 3.
Quando criança, Fabricio Baccaro já fazia experiências com formigas utilizando kits infantis e analisava a organização dos insetos. Hoje, na Amazônia, estuda a dinâmica de diversos organismos em relação ao lençol freático.
Desde a graduação na Universidade Federal de Santa Maria, Igor Kaefer estuda anfíbios e répteis. Atualmente, descobre e cataloga espécies na floresta amazônica.
Hoje, José Tasso Guimarães estuda os efeitos das mudanças climáticas na vegetação da Amazônia. Mas seu interesse pela ciência surgiu no litoral, quando surfava nas praias do Pará.
Newton Barbosa é apaixonado pelas ciências desde criança e se sente realizado pesquisando o comportamento das moléculas a partir do estímulo da luz.