Igor Kaefer já sabia desde a sua infância a carreira que gostaria de seguir. Novo membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC) – Regional Norte para o período 2015-2019, Kaefer cresceu em Caibaté, munícipio do interior do Rio Grande do Sul com pouco mais de 4 mil habitantes, a 500 Km de Porto Alegre.
Durante a infância, gostava muito das aulas de ciências e jánessa época se interessou pelas ciências da natureza. Filho de um bibliotecárioe uma professora, adquiriu cedo o hábito de ler.
Caçula e único menino de trêsfilhos, viu as irmãs maiores se formarem em direito e medicina veterinária, oque serviu de incentivo para que o rapaz desejasse seguir a vida acadêmica.
Por não haver universidade próxima a Caibaté, Kaefer contou com a ajuda providencial para a sua graduação. A cidade onde morava era uma das incluídas no Programa de Ingresso ao Ensino Superior (Peies), sistema de seleção seriado da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) com realização de provas pelos alunos de diversas escolas do Rio Grande do Sul ao final de cada ano do ensino médio. Pelo seu desempenho, Kaefer foi aprovado em primeiro lugar no curso de ciências biológicas na UFSM.
Cobras, lagartos, sapos… uma paixão
Ao ingressar na faculdade, Kaefer optou pela licenciatura, almejando o magistrado, porém logo no início da graduação conheceu as possibilidades oferecidas pela pesquisa e se interessou por este ramo.
No terceiro mês do curso, começou a estagiar no Laboratório de Herpetologia, especialidade voltada para o estudo de anfíbios e répteis, área à qual Kaefer se dedica até hoje. Sua orientadora nesta época foi a professora Sonia Zanini Cechin.
Durante a graduação, o futuro cientista foi bolsista do Programa de Educação Tutorial (PET) do Ministério da Educação, voltado para o estímulo à pesquisa, pelo qual desenvolveu projetos de pesquisa que renderam publicações em periódicos internacionais. “Ter sido bolsista do Programa de Educação Tutorial me possibilitou desenvolver competências que promoveram e aceleraram meu amadurecimento acadêmico”, conta o professor.
Essas experiências lhe serviram como base para ingressar no mestrado do Programa de Pós-Graduação em Ecologia do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e progredir diretamente ao doutorado, mesmo sem a conclusão do mestrado. Neste período foi orientado pela professora Albertina Pimentel Lima.
Descobrindo espécies na Amazônia
Apaixonado por viajar, Kaefer se diz realizado por hoje atuar num ramo que lhe permite conhecer lugares diferentes, tanto no Brasil quanto no exterior. Sua principal área de estudo, atualmente, é a floresta amazônica, onde faz a documentação da diversidade de espécies de anfíbios e répteis.
“Considero um dos aspectos mais interessantes do meu trabalho descobrir espécies que passam despercebidas”, diz o doutor. “Para isso, é necessário analisar variações sutis no comportamento, na aparência e até mesmo nos genes desses animais, para que possamos descobrir parte de nossa biodiversidade que ainda permanece desconhecida”, explica. Para Kaefer, “conhecer a diversidade biológica de nosso país é fundamental para que o Brasil possa se desenvolver sem perder seu patrimônio biológico”.
Hoje professor do Instituto de Ciências Biológicas daUniversidade Federal do Amazonas, Kaefer diz que pretende representar todos osjovens pesquisadores como membro afiliado da ABC, especialmente os que realizampesquisas na região amazônica. “Almejorepresentar aqueles que executam atividades de pesquisa na região amazônica, aqual carece de recursos humanos para o desenvolvimento da ciência, tecnologia einovação”.