
O amor à docência e o incentivo de vários professores do Departamento de Matemática da UFMG acabaram conduzindo Viviane à carreira científica. “Nunca tinha me imaginado cientista até entrar na universidade”, lembra. “Minha intenção sempre foi me formar o melhor possível para desempenhar bem a profissão de professora, pois decidi muito cedo que gostaria de ser professora de matemática”. Ela completou o curso de licenciatura e participou do Projeto de Ensino Fundamental de Jovens e Adultos da UFMG. “Isso contribuiu para reforçar minha convicção da importância do aprofundamento dos estudos em Matemática, por parte do professor, para a qualidade de seu ensino”.
Quando fez iniciação científica sobre funções geradoras com o professor Michel Spira, seu gosto pela disciplina foi aumentando. Em 2003, começou o mestrado e chegou a recusar uma bolsa de estudos com a qual foi agraciada. Ela preferiu dar aulas de matemática em uma escola pública de ensino médio à noite, além de cursar a pós-graduação. “Esta decisão se pautou, sobretudo, pelo desejo de retornar para a sociedade parte da excelente formação que havia recebido durante minha graduação na UFMG”, comenta.
Após concluir o mestrado, em dezembro de 2004, e escrever seu primeiro artigo, a pesquisadora quis continuar com os estudos em matemática. Esse desejo, associado à vontade de contribuir com a formação de novos professores através da atuação no ensino superior, a levou a começar o doutorado. Durante essa fase, Viviane teve a oportunidade de trabalhar com o professor Onofrio Mario Di Vincenzo (Universidade de Basilicata – Potenza, Itália), com o qual estabeleceu uma importante parceria de pesquisa, inclusive naquela que a levou a ganhar o prêmio LOréal-ABC-Unesco Para Mulheres na Ciência em 2011.
O objetivo da pesquisa de Viviane envolve o estudo das relações entre objetos que pertencem a um mesmo conjunto. Por exemplo, é bem conhecido que, ao multiplicarmos quaisquer dois elementos do conjunto Z dos números inteiros, a ordem dos fatores não altera o produto. No entanto, o mesmo não pode ser dito quando trabalhamos com o conjunto M2(Z), das matrizes 2×2 sobre Z. Viviane explica que as matrizes aparecem em álgebra e em muitas aplicações da matemática, como física, engenharia e economia, assim como em vários outros ramos da ciência.
A jovem pesquisadora diz que o trabalho em uma universidade exige muita dedicação e que um dos desafios do cientista é conciliar a vida pessoal e profissional: “Tenho procurado sempre reservar os domingos para estar mais próxima de minha família e também realizar uma atividade que faço com muito amor: ser catequista”.
A professora é uma pessoa bastante religiosa. Gosta de rezar e refletir sobre a presença e a ação amorosa de Deus em sua vida. “Procuro ouvir músicas tranquilas e ler livros de reflexão que falem sobre Deus e sobre a vida de pessoas que buscaram ajudar outras, que tentaram de algum modo contribuir para um mundo melhor”, relata.
Viviane considera o mistério, o desafio e a oportunidade de realizar novas descobertas aspectos encantadores na ciência. “Em álgebra, me encanta sobretudo a possibilidade de descobrir relações entre objetos distintos”, declara a matemática, que diz que o amor pelo que faz, a dedicação e a perseverança são características fundamentais para um cientista.
Para a matemática, ser membro afiliado da ABC é o reconhecimento de sua dedicação à ciência e um incentivo à continuidade de suas atividades de pesquisa. Ela pretende contribuir para a Academia exercendo sua profissão com excelência e dedicando-se à propagação da ciência. Considera, inclusive, que esse é o papel social do cientista – cooperar para o avanço da ciência e, consequentemente, para o desenvolvimento do país. “O mundo da ciência é fascinante e desafiador, no qual novas descobertas são feitas a cada momento”, entusiasma-se Viviane.