Em todo o mundo, 360 milhões de pessoas sofrem de perda de audição – incluindo 32 milhões de crianças. Pensando em trazer esclarecimentos sobre esse problema que afeta todos os países, o Painel Médico Interacademias (IAMP, na sigla em inglês) publicou um documento com orientações para fortalecer as medidas de prevenção contra esse mal.
Intitulado “A Call for Action to Strengthen Healthcare for Hearing Loss” (que pode ser traduzido como “Um chamado para ação pelo fortalecimento da prevenção contra a perda de audição”), o documento destaca o fato de que, se a doença não for diagnosticada e tratada, as crianças que sofrem desse mal geralmente acabam apresentando atrasos no desenvolvimento da fala, da linguagem e de habilidades cognitivas. Isso provoca efeitos em cadeia, tais como dificuldades de aprendizagem na escola e na interação com a família e amigos.
Em adultos (estima-se que cerca de dois terços das pessoas com mais de 70 anos sofrem de perda auditiva), acumulam-se evidências de que a perda auditiva está relacionada a um maior risco de demência e deficiência. Trata-se, portanto, de um problema que afeta não apenas o indivíduo, mas também outros setores sociais.
Como afirma Manfred Gross, do Departamento de Audiologia do Campus Virchow-Klinikum (linguagem, fala e audição), de Berlim, Alemanha: “Os números são preocupantes, mas é um fato que muitas das condições que levam à perda auditiva podem ser detectadas e evitadas, ou tratadas. Testes simples em recém-nascidos, por exemplo, podem revelar se a criança tem problemas de audição. Vacinas infantis, tomadas regularmente, que previnem doenças como a rubéola, podem evitar complicações que levam à perda auditiva. E o simples ato de reduzir a exposição ao barulho no local de trabalho pode evitar o comprometimento da função auditiva em adultos”.
Apesar das diversas soluções disponíveis para o diagnóstico e tratamento da perda auditiva, o problema persiste, especialmente nos países em desenvolvimento, onde a consciência dessas questões e o acesso a cuidados médicos adequados são, muitas vezes, limitados.
Por isso, a declaração do IAMP apela especificamente para que os governos e outros prestadores de cuidados de saúde implementem uma série de práticas, incluindo:
– uma melhor oferta de cuidados de saúde na área da perda auditiva, como a realização universal de exames em maternidades e aumento do acesso a aparelhos e implantes auditivos;
– assegurar medidas de saúde pública voltadas para as causas de perda auditiva;
– endereçar os cuidados com a perda auditiva a crianças e adultos reconhecendo as diferenças entre esses grupos.
“O fato de que muitos dos problemas associados à perda auditiva são evitáveis significa que já temos soluções”, afirma Lai Meng Looi, da Academia de Ciências da Malásia e co-presidente do IAMP. “Em muitos casos, especialmente em países de baixa e média renda, o desafio não é apenas o financiamento, mas também aumentar a consciência. Isso é o que nós esperamos fazer com essa declaração.”
“Como todas as declarações do IAMP, esta foi completamente revisada e apresenta as melhores orientações imparciais de nossas academias membros, com base nos últimos dados sobre o tema, que podemos fornecer aos governantes, prestadores de serviços e profissionais da saúde, a nível nacional e internacional”, disse outro co-presidente do IAMP, Detlev Ganten, da Academia de Ciências da Alemanha (Leopoldina).
O grupo de trabalho responsável pela revisão da declaração do IAMP “A Call for Action to Strengthen Healthcare for Hearing Loss” foi:
– Vicente G. Diamante, Argentina
– Ricardo F. Bento, Brasil
– Gao Zhiqiang, China
– Alejandro Torres Fortuny, Cuba
– Josef Syka, República Checa
– Claude-Henri Chouard, França
– Hans-Peter Zenner, Alemanha
– Otmar Schober, Alemanha
– Annette Grüters-Kieslich, Alemanha
– Tibor Zelles, Hungria
– Sandra Kuske, Latvia
– somefun Oladapo Abayomi, Nigéria
– Charlotte Chiong, Filipinas
– Daniel C. de Wet Swanepoel, África do Sul
– Mohamadou Guelaye Sall, Senegal
– Mark P. Haggard, Reino Unido

*O IAMP, uma rede globas de Academias de ciência e de medicina, tem como missão trabalhar pela melhoria da saúde global, fortalecendo a capacidade das Academias de prover os governos de informação científica consistente que possa subsidiar as políticas de saúde pública. Também apoia a criação de novas Academias e dá suporte a projetos de seus membros voltados para o fortalecimento da pesquisa e da educação superior em seus países. Atualmente, o IAMP conta com 73 Academias de todo o mundo, incluindo a Academia Brasileira de Ciências.

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Peter McGrath
IAP Coordinator
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Manfred Gross
Dept. of Audiology and Phoniatrics, Campus Virchow-Klinikum (Language, Speech and
Hearing), Berlin, Germany
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