“A partir de agora as reuniões anuais da SBPC terão de ser consideradas antes do Acre e depois do Acre”, afirmou a presidente da entidade e membro titular da Academia Brasileira de Ciências Helena Nader, no início da tarde deste domingo, 27, em entrevista coletiva realizada na Universidade Federal do Acre (Ufac), em Rio Branco. O evento serviu para apresentar aos jornalistas os números finais e um balanço da 66ª Reunião Anual da SBPC, realizada de 22 a 27, na capital acreana.
Da mesma forma, o reitor da Ufac, Minoru Kinpara, colocou a Reunião da SBPC como um divisor de águas na trajetória de sua instituição. “A Ufac não será mais a mesma depois de tudo que vivemos aqui nesta semana”, disse, ao destacar o fato de que em 2014 a universidade que dirige completa 50 anos de criação e 40 anos de federalização.
Balanço

Os números são reveladores da importância atribuída por Nader e Kinpara à 66ª Reunião Anual da SBPC. Superando as expectativas, a programação científica contou com 6.531 inscritos para assistir a quase duzentas atividades, entre minicursos, conferências, mesas-redondas, encontros e sessões especiais. “Esperávamos pouco mais de quatro mil inscrições”, observou Helena Nader.
Para as demais atividades, em que se dispensa a inscrição e não há entrega de certificado de participação, o campus da Ufac recebeu, em média, diariamente, cerca de dez mil pessoas. Elas foram participar da SBPC Cultural, da SBPC Jovem Mirim (foto ao lado) e da Exposição de Tecnologia e Ciência (ExpoT&C), atividades tradicionais do evento. Além dessas, em Rio Branco houve três novidades: a SBPC Indígena, a SBPC Extrativista e o Dia da Família na Ciência.
O Acre tem 22 municípios; houve inscritos para a programação científica de 20 deles. Foram a Rio Branco pesquisadores e estudantes de 371 cidades, de todos os Estados brasileiros. “Atraídos pela SBPC Indígena, recebemos representantes de tribos do Chile, Colômbia e Peru, além dos Estados amazônicos”, informou Helena Nader, com lideranças indígenas na foto ao lado.
Ela lembrou também que da participação de representantes da EuroScience e da Associação Americana para o Avanço da Ciência (AAAS, na sigla em inglês) em um seminário em que foram discutidas estratégias para aprimorar o diálogo entre cientistas e legisladores.
Desafio

O sucesso dos números da Reunião em Rio Branco, segundo Helena Nader, é consequência do trabalho de organização e realização do evento, função compartilhada entre a SBPC e a universidade anfitriã. “Não vimos problemas de nenhuma ordem. Tudo esteve impecável”, resumiu a presidente. “Assim como dividimos a contagem dos anos em antes de Cristo e depois de Cristo, a partir de agora as reuniões anuais da SBPC terão de ser consideradas antes do Acre e depois do Acre”, enfatizou a presidente. Com isso, ela prevê que as próximas reuniões anuais terão como desafio prévio “se igualarem minimamente à organização que vimos aqui em Rio Branco”.
Uma particularidade que Helena Nader destacou em Rio Branco foi o Dia da Família na Ciência. Com uma programação de divulgação científica capaz de ser atrativa para todas as faixas etárias, “as famílias se apoderaram da SBPC”, afirmou Helena Nader. “Isso foi importante porque pudemos mostrar à sociedade para o que serve a ciência; que estamos retornando os investimentos que a sociedade faz em nossas instituições de pesquisa por meio dos impostos que ela paga ao governo”.
A presidente da SBPC se referiu também à SBPC Indígena e à SBPC Extrativista. “Foram importantíssimas e extremamente apropriadas para um Estado com as características culturais e econômicas do Acre”. Helena Nader informou que encaminhará a ministérios do governo federal as pautas de reivindicações elaboradas naquelas atividades.
Legado

Na avaliação do reitor Minoru Kinpara, a reunião anual da SBPC deixará um “enorme legado” à Universidade Federal do Acre. “Tenho certeza absoluta que a Ufac não será mais a mesma depois de tudo que vivemos aqui nesta semana. Fico ainda mais feliz porque isso acontece quando a Universidade completa quarenta anos de federalização e cinquenta de criação”.
O reitor vê o êxito da Reunião como o “coroamento de um grande esforço”. “Decidimos que não iríamos apenas emprestar a Universidade para a realização da Reunião da SBPC, mas sim assumir o evento e trabalhar junto com a coordenação nacional”. Como resultado, Kinpara afirmou que “todas as expectativas puderam ser superadas”.
Como principal legado do evento para a Ufac, o reitor destacou o intercâmbio de seus docentes com pesquisadores renomados de todo o País. “Isso tem para nós um valor imensurável”, acentuou o reitor.
Ele destacou os benefícios da programação científica da Reunião. “Se apresentar e discutir temas da ciência é importante para todo o mundo, imagine para um lugar que não dispõe de grandes recursos”, comparou. “Nossos pesquisadores e estudantes tiveram um banquete de ciência, tecnologia e inovação”.
Também presente à entrevista coletiva, a vice-reitora Guida Aquino informou que a organização e a realização da 66ª Reunião da SBPC “consumiram praticamente um ano de trabalho de uma equipe com mais de cem pessoas”.
Coordenadora da comissão local de organização do evento, Guida disse que “poderia escrever um livro para narrar tudo que fizemos para chegar até este dia de encerramento da Reunião”, declarou.