Leia o artigo dos Acadêmicos Isaac Roitman e Sérgio Mascarenhas, publicado no dia 10 de julho no jornal Correio Braziliense, que relembra a contribuição de importantes pensadores à educação brasileira.
 
Considerando o Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) como a Copa Internacional da Educação, o Brasil em 2013 ocupou o 58º lugar entre 65 países avaliados. Essa posição incômoda não condiz com pensadores e empreendedores brasileiros da área da educação que hoje já não estão entre nós.
 
O propósito deste artigo é o de revisitar os ensinamentos e iniciativas desses verdadeiros brasileiros, escalando-os para um time que inspire ideias e ações para conquistarmos uma posição honrosa na Copa Internacional da Educação. A partir de um painel com mais de 50 pessoas, selecionamos 23 que citamos em ordem alfabética, resumindo as ideias ou protagonismos que direta ou indiretamente contribuíram para a melhoria da nossa educação.
 
1. Anísio Spínola Teixeira, considerado o Pelé da educação, pregou o desenvolvimento do intelecto em preferência à memorização;
2. Bertha Maria Julia Lutz, bióloga e figura significativa do feminismo no Brasil;
3. Caetano de Campos criou a primeira Escola Normal de São Paulo, em 1984;
4. Celso Furtado, economista socialmente comprometido e com visão do Brasil do futuro;
5. Crodowaldo Pavan, genetecista e batalhador para a compreensão pública da ciência;
6. Darcy Ribeiro, antropólogo e educador, co-criador da Universidade de Brasília e da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro;
7. Edgar Roquette-Pinto, pai da radiodifusão educativa do Brasil;
8. Esther de Figueiredo Ferraz, primeira mulher a ser ministra da Educação;
9. Euclides da Cunha trouxe o verdadeiro conhecimento do interior do Brasil;
10. Fernando de Azevedo, relator do Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova;
11. Gilberto Freyre, intérprete do Brasil sob o ponto de vista da sociologia;
12. Heitor Villa-Lobos, educador musical com linguagem brasileira;
13. José Bento Renato Monteiro Lobato, educador infantil por meio da literatura;
14. José de Anchieta fundou o primeiro Colégio do Brasil colonial;
15. José Reis, cientista e escritor, pioneiro da divulgação científica no Brasil;
16. Josué de Castro descreveu as origens socioeconômicas da tragédia da fome;
17. Julio de Mesquita Filho, um dos fundadores da Universidade de São Paulo;
18. Maria Julieta Ormastroni, caçadora de talentos e criadora do Concurso Cientistas do Amanhã;
19. Manuel Bergströn Lourenço Filho, pioneiro na educação infantil e na psicologia educacional;
20. Oscar Niemeyer, educador pela arquitetura e urbanismo;
21. Oswaldo Cruz, sanitarista e educador da saúde;
22. Paulo Freire, patrono da educação brasileira, introduziu a Pedagogia do Oprimido;
23. Sergio Buarque de Holanda, que por intermédio da antropologia cultural, estudou as raízes do Brasil.
 
 
A escalação desse plantel é oportuna, no clima de Copa do Mundo, para motivar os torcedores para a conquista da qualidade da educação no Brasil. Quando o Legislativo, passando a bola para o Executivo, que promulgou o Plano Nacional de Educação, foi conquistado um gol de placa. Mas cuidado! A partida não é de 90 minutos e sim de várias décadas.
 
Nessa batalha será fundamental termos políticas de Estado contínuas, com investimentos corretos, formação e valorização dos professores, infraestrutura adequada, gestão profissional, a participação da família e avaliação permanente no processo educacional. As necessidades do processo ensino-aprendizagem do século 21 requerem o uso intensivo da web.
 
A extensão territorial do Brasil impõe nova logística para a educação. A sala de aula está cada vez mais fora da escola, como na Idade Média a educação saiu dos conventos. Ela está presente nas empresas, nas redes sociais e na tevê. Propomos a criação de redes de tevê educativas em cada uma das cinco regiões brasileiras, obrigatoriamente com suas centrais de produção, o que pode transformar o Brasil em grande exemplo de como dar um salto criando uma vasta e mais democrática comunidade educacional, que certamente contribuirá para diminuir a vergonhosa desigualdade social. Nesse cenário do futuro é preciso, acima de tudo, investir nos exemplos legados pela seleção proposta que apresentamos aos 200 milhões de brasileiros. Avante, Brasil! Todos pela Copa da Educação.
 
Isaac Roitman – Professor emérito da Universidade de Brasília e membro da Academia Brasileira de Ciências
 
Sérgio Mascarenhas – Pesquisador emérito do CNPq/MCTI e membro da Academia Brasileira de Ciências