O tradicional evento regional que envolve a reunião científica e a diplomação dos membros afiliados da ABC ganhou nova roupagem na Regional Minas Gerais & Centro Oeste esse ano. Diante do maior número de afiliados a apresentarem suas pesquisas, já que foram dois grupos de uma só vez – os eleitos para 2013-2017 e 2014-2018 -, o vice-presidente Mauro Martins Teixeira criou um evento maior, intitulado “Transdisciplinaridade em Ciência”, e convidou alguns membros titulares para tratarem do tema. A reunião teve o apoio do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e foi realizado nos dias 10 e 11 de abril, no Auditório 2 da Faculdade de Ciências Econômicas (FACE) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
 
Na sessão de abertura, o diretor do Instituto de Estudos Avançados Transdisciplinares (IEAT) da UFMG Mauricio Alves Loureiro destacou que esse tema é o foco dos institutos de estudos avançados do mundo inteiro, porque hoje o avanço da ciência mundial só pode ocorrer através da inter, multi e transdisciplinaridade. Ele relatou que a criação desses institutos se deu em Princeton, em 1933, e teve Albert Einstein como um de seus primeiros membros. A proposta foi baseada na percepção da necessidade de se ter um local neutro, em que a integração dos conhecimentos possa acontecer livre das amarras dos departamentos, disciplinas ou áreas da ciência. Para Loureiro, a dificuldade desse tipo de trabalho não é só a linguagem diferente de cada uma das áreas, mas a dificuldade institucional. “Nosso IEAT criou recentemente grupos interdisciplinares, buscando o diálogo com as outras áreas, estimulando insights em grupo que beneficiem a todos”, afirmou.
 

Evaldo Vilela, Jaime Ramirez, Jacob Palis e Mauricio Loureiro
 
O diretor-científico da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e Acadêmico, Evaldo Vilela, reforçou a aproximação da Fundação com a ABC e com a UFMG, e valorizou o trabalho da Diretoria da ABC ao criar a categoria de membros afiliados, mostrando a importância da ABC por todo o país. Vilela apontou a seriedade do momento que o país está atravessando. “Quando existe uma crise financeira, um dos primeiros setores a ser cortado aqui no Brasil é o de desenvolvimento do conhecimento. Só que não existe nação que se torne grande se não investir em ciência, tecnologia e inovação. A transdisciplinaridade é o caminho para o crescimento e precisamos atrair jovens cientistas de excelência para essa militância, em prol da sociedade brasileira.”
 
Jacob Palis, presidente da ABC, ressaltou outra ação da Academia: a criação dos simpósios Academia – Empresa, que vêm sendo realizados por todo o Brasil, mas mais frequentemente em Minas Gerais, em função da grande parceria com a Fapemig. Relatou que essa foi mais uma das ideias desta Diretoria, eleita pela primeira vez em 2007 – estimular a interação entre a academia e as empresas, incentivar pesquisa e desenvolvimento nas indústrias instaladas no país. “Não podemos avançar comprando conhecimento aplicado. E a criação da categoria de membros afiliados se coaduna com isso, pois eles são empreendedores e tem uma postura positiva com relação à integração com a indústria.”
 
O reitor da UFMG, Jaime Ramirez, encerrou a abertura saudando os afiliados eleitos. “È uma honra para a nossa Universidade ver nossos professores recebendo esse título, que é um reconhecimento pelo trabalho já desenvolvido e uma aposta no futuro de seus grupos de pesquisa.” Ramirez cumprimentou Mauro Teixeira, Antônio Lúcio Teixeira e Vanessa Pinho da Silva pela organização do evento e se comprometeu a apoiar inteiramente todas as atividades da ABC em parceria com a UFMG. “Parabéns aos jovens cientistas, que são nossa aposta num futuro melhor para nossa sociedade em todos os níveis, pois para tanto, certamente, a ciência terá papel preponderante.”
 
Mauricio Corrêa, Brenno Silveira, Cristiano Fantini, Fabíola Ribeiro,
Mauro Teixeira,Vanessa Pinho, Luiz Gustavo Cançado, Jacob Palis,
Lis Antonelli e Helton Santiago
 
Conheça os jovens pesquisadores eleitos como membros afiliados da ABC nas matérias abaixo.
 
Eleitos para o período 2013-2017
 
O biotecnologista André Melro Murad procura utilizar sedas de aranha para fortalecer outras fibras e busca elaborar um medicamento em forma de gel que previna a contração do HIV.
 
O mineiro Cristiano Fantini Leite é especialista em física da matéria condensada e tem como foco de suas pesquisas o estudo das propriedades dos nanomateriais.
 
Eleito membro afiliado da ABC para o período 2013-2017, Fabrício Benevenuto estuda a estrutura das redes sociais online e é autor de mais de 60 artigos amplamente citados.
 
No vestibular, Maurício Barros Corrêa Júnior ficou entre o direito e a matemática. Escolheu esta e atualmente pesquisa as equações diferenciais ordinárias, que modelam diferentes fenômenos da natureza.
 
O foco principal da pesquisa de Vanessa Pinho da Silva é entender como interferir em uma resposta inflamatória já iniciada, tentando fazer com que ela dure menos tempo, seja de menor intensidade e traga menores danos ao indivíduo.
 
Eleitos para o período 2014-2018
 
O professor do Instituto de Química da UnB, Brenno Amaro da Silveira Neto, completou uma segunda graduação em teologia para obter uma visão de humanidade diferente da convencional dos cientistas de áreas exatas.
 
A farmacêutica Fabíola Mara Ribeiro estuda os processos de morte neuronal visando o desenvolvimento de terapias para tratar doenças neurodegenerativas, como a doença de Huntington.
 
Professor da UFMG, médico e fascinado por filosofia e teologia, Helton Santiago estuda a imunologia da infecção pela dengue e a influência que infecções têm no desenvolvimento de doenças inflamatórias crônicas.
 
A nova afiliada da ABC Lis Antonelli procura entender como as células de defesa do organismo humano agem quando se deparam com um agente agressor, visando usar essa compreensão para ajudar estas células quando necessário.
 
Para o físico mineiro Luiz Gustavo de Oliveira Lopes Cançado, que estuda a interação da luz com a matéria em escala nanométrica, os melhores desafios científicos são aqueles que parecem impossíveis de ser solucionados.