Natural de Lorena, município do estado de São Paulo, Vanessa Pinho da Silva acredita que o encantador da Ciência é o seu processo de busca contínua pelo conhecimento, bem como a constante tentativa de explicar o inexplicável. Em sua opinião, é grande a lista de características imprescindíveis a um cientista: motivação, curiosidade, criatividade, compromisso e ética são apenas alguns exemplos. Ademais, ela cita a capacidade para gerenciar projetos, formar novos cientistas e interpretar dados como habilidades de suma importância no campo da pesquisa. No entanto, apesar da dedicação necessária, Vanessa enxerga a ciência como uma área encantadora e a recomenda a jovens interessados.

Os primórdios de seu interesse pelo campo científico

Em sua casa, somente o pai – militar do exército – trabalhava fora. Seu único irmão, seis anos mais novo do que ela, é formado e pós-graduado, atuando hoje em dia como fisioterapeuta. Sobre a formação recebida de seus pais, orgulha-se: “Eles sempre valorizaram, acima de tudo, os estudos, a cultura e a dignidade.”

Na escola, Vanessa interessava-se principalmente pelas disciplinas de biologia – em especial pela genética e estudo das células – química, matemática e física. “Alguns dos meus professores do ensino médio estavam cursando o doutorado e despertaram meu interesse pela pesquisa”, credita. No fim do terceiro ano, quando chegou o período de escolha de carreira, Vanessa Pinho conversou com eles, pedindo explicações sobre como se dá o trabalho de um pesquisador. “Foi então que desisti de fazer medicina e ingressei no curso de ciências biológicas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, conta.

A especialização: desvendando a resposta inflamatória

Logo no segundo período da graduação, Vanessa envolveu-se na iniciação científica em um laboratório de imunologia. “A partir daí, o meu caminho na pesquisa foi traçado”, afirma. Durante o curso, todas as matérias da área da saúde a atraiam e, por isso, ao graduar-se, optou por um mestrado – também na UFMG – em bioquímica e imunologia, com foco na imunologia de transplantes. Embora achasse o tema muito estimulante, ela sentia que faltava algo mais. Após um ano afastada das pesquisas e trabalhando como docente de uma faculdade particular, não se sentia satisfeita, pois gostava mesmo era de pesquisa científica. Quando se conscientizou disso, procurou um professor recém chegado no departamento em que havia realizado o mestrado e deu início ao doutorado.

Envolvida em um projeto de estudos sobre resposta inflamatória, ela se doutorou pela mesma instituição em que cursou a graduação e o mestrado. Ela conta: “Desde então, não larguei mais a pesquisa e procurei desenvolver minha curiosidade e capacidade de exercê-la em minha área de formação. Realizei um pós-doutorado – que contou com a participação do Acadêmico Mauro Martins Teixeira – no mesmo laboratório e, em seguida, prestei concurso para professora do Departamento de Morfologia da universidade. Passei e, hoje, componho o quadro de docentes da UFMG.”

Atualmente, seu trabalho ainda está focado na resolução da resposta inflamatória. De acordo com Vanessa, nos projetos sob sua coordenação o objetivo principal é entender como interferir em uma resposta inflamatória já iniciada – tentando fazer com que ela dure menos tempo, seja de menor intensidade e traga menores danos ao indivíduo. “Gerar conhecimento para que ele possa ser aplicado na prática, ou seja, em todas as áreas de saúde dos seres humanos, é algo bastante desafiador e intrigante”, comenta Vanessa Pinho.

Especialista em apoptose, vias de transdução de sinal e doença do enxerto contra hospedeiro (GVHD), a pesquisadora foi eleita membro afiliado da ABC para o período 2013-2017. Ela enxerga a distinção como um reconhecimento único, uma vez que se trata de um grupo formado por alguns dos melhores cientistas do Brasil. “Além disso, representa uma fonte de motivação para que eu continue trabalhando em busca de elevar o nível da pesquisa científica em nosso país”, finaliza.