O Acadêmico Jorge Kalil recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Pierre et Marie Curie (Sorbonne Universités, Paris, França), em cerimônia solene realizada em 13 de novembro, no Grand Salon de la Sorbonne. Após a cerimônia, o Embaixador do Brasil na França, José Bustani, ofereceu uma recepção em sua residência oficial.
Honoris Causa, abreviado como H.C., é uma locução latina (em português, “por causa da honra”) usada em títulos honoríficos concedidos por universidades a pessoas eminentes que tenham se destacado em determinada área – artes, ciências, filosofia, letras, promoção da paz, de causas humanitárias etc. – por sua boa reputação, virtude, mérito ou ações de serviço que transcendam famílias, pessoas ou instituições.
A Universidade Pierre et Marie Curie (UPMC) de Paris, integrante do polo universitário chamado Sorbonne Universités, está entre as dez melhores universidades do mundo e reúne 32 mil alunos, sendo 6.400 estudantes internacionais. A Universidade concede o título de Doutor Honoris Causa desde 1975, tendo-o conferido a 130 cientistas até o momento.
A preparação para a seleção do DHC começou em outubro de 2012, com a apresentação de propostas ao presidente da UMPC por diferentes faculdades. Os registros, examinados pelo Conselho Científico da Universidade, foram apresentados ao Conselho de Administração, que decide a quem o título será concedido.
Em 2013, dez pessoas receberam a honraria, sendo cinco homens e cinco mulheres, atuantes em diversas áreas do conhecimento e de diferentes países.
Jorge Kalil é professor titular de imunologia clínica e alergia, diretor do Laboratório de Imunologia do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, diretor do Instituto Butantan e presidente da Fundação Butantan, além de presidente do Conselho Curador da Fundação Zerbini.
Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRGS), obteve o mestrado em Imunogenética e Imunologia e o doutorado em Ciências em Biologia Humana pela Universidade de Paris VII, quando trabalhou no laboratório do Prof. Jean Dausset (Prêmio Nobel de 1980 pela descoberta do HLA – Human Leucocyte Antigens, sistema antígeno leucocitário humano). Passou ano sabático como professor visitante e co-diretor do Laboratório de HLA, no Departamento de Patologia da Stanford School of Medicine, e foi International Scholar do Howard Hughes Medical Institute.
É coordenador do Instituto de Investigação em Imunologia – Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (iii-INCT) desde sua criação, em 2001. O iii-INCT, composto por 31 pesquisadores principais em 23 instituições, foi responsável, em 2010, por um quarto de todas as publicações internacionais em imunologia no Brasil, além de várias patentes de produtos inovadores em imunologia. A produção científica de Kalil registra mais de 400 itens indexados pelo Instituto para a Informação Científica (ISI, na sigla em inglês) e cinco mil citações. É autor de muitos livros e capítulos de livros nacionais e internacionais e contribui no corpo editorial de várias revistas. Dedica-se à imunologia, especificamente ao estudo da distinção do que é próprio e não próprio e também na definição de resposta anti-infecciosa protetora. É titular de diversas patentes, incluindo as de duas vacinas para HIV e Streptococcus pyogenes.
Presidiu o XIII Congresso Internacional de Imunologia em 2007 e é atualmente presidente da União Internacional de Sociedades de Imunologia (IUIS), que congrega as sociedades de imunologia de 70 países e quatro federações continentais.
É membro da Academia Brasileira de Ciências desde 1994. Foi condecorado pelo Presidente do Brasil como Comendador e, posteriormente, com a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, e pelo Presidente da França com a Ordem Nacional do Mérito. Foi agraciado com a Medalha Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados em 2013. Dentre os vários prêmios científicos que recebeu, destaca-se o da Academia de Ciências para os Países em Desenvolvimento (TWAS) em 2005, por sua contribuição à compreensão dos mecanismos celulares e moleculares das doenças autoimunes pós-infecciosas, e, em 2012, o da Fundação Conrado Wessel, por sua contribuição ao conhecimento dos mecanismos de rejeição ao transplante.