Cerca de seis milhões de pessoas no Brasil têm suas rotinas afetadas pelas alterações de humor com fases de depressão e euforia, segundo a Associação Brasileira de Transtorno Bipolar (ABTB). O transtorno bipolar (TB) é uma doença mental grave, recorrente, que afeta jovens e adultos que, muitas vezes, se afastam do convívio social e laboral – de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), esta é a sexta maior causa de incapacidade entre as doenças crônicas. A patologia ainda é associada à altas taxas de mortalidade por suicídio.

Percebendo a gravidade do problema, há mais de dez anos, durante o mestrado em Farmacologia, na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Dra. Adriane Ribeiro Rosa começou a investir os estudos em tratamentos para reintegrar estes indivíduos. Hoje, a gaúcha graduada em farmácia e bioquímica pela Universidade Católica de Pelotas (UCPel) se destaca por avaliar o grau de funcionalidade psicossocial em pacientes com transtorno bipolar com e sem abuso de álcool. “Existe uma forte propensão de quem tem TB a fazer uso abusivo do álcool e vice-versa. O paciente que consome bebidas alcoólicas de forma abusiva piora bastante seu prognóstico, apresentando dificuldades para a realização das atividades diárias, além de precisar de mais cuidados médicos. Por isso, analisamos sua interferência como um agravante do caso”, explica.

Visando um maior entendimento dessa relação com os déficits cognitivos e funcionais apresentados pelos bipolares, a professora complementou sua formação no exterior. Ela cursou doutorado-sanduíche em Ciências Médicas pela UFRGS e a Universidade de Barcelona (UB), na Espanha – onde também realizou pós-doutorado -, e na Inglaterra, completou o segundo pós-doutorado na Universidade de Oxford. “Saí do Brasil em 2006 e hoje noto que há muito mais investimento em pesquisa. O prêmio da LOréal, ABC e Unesco é um exemplo disso. Naquela época, talvez o Brasil estivesse um passinho atrás, por isso fui buscar me aperfeiçoar mais e trazer este conhecimento para cá”, comenta ela.

O resultado desse enriquecimento cultural está na conquista do prêmio já no primeiro ano de inscrição com o projeto que desenvolve no Hospital de Clínicas de Porto Alegre-UFRGS. Aos 37 anos, a gaúcha se sente realizada. “Representar a área de ciências biológicas no Brasil é sensacional! Sou totalmente entregue à minha profissão e muito apaixonada pelo o que faço”, diz.