A 24ª Reunião Anual da TWAS foi realizada em Buenos Aires, na Argentina, entre os días 1º e 4 de outubro de 2013, com o apoio do Ministério de Ciência, Tecnología e Inovação Produtiva e do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (Conicet). O tema principal foi “Ciência, Tecnologia e Inovação Produtiva para o Crescimento Econômico Sustentável nos Países em Desenvolvimento.”
A TWAS é uma academia de ciências global baseada em Trieste, na Itália, que trabalha pelo avanço da ciência e engenharia visando a prosperidade sustentável no mundo em desenvolvimento. É administrada e financiada pela Unesco, que tem representantes no Comitê Diretor da TWAS. Este conta também com representantes do governo da Itália, que dá apoio financeiro à Academia Global.
O atual presidente da TWAS Bai Chunli, que tomou posse em janeiro de 2013 substituindo o presidente da ABC Jacob Palis, conduziu sua primeira Reunião Anual, que também comemorou os 30 anos da TWAS. Bai, que também preside a Academia Chinesa de Ciências, recordou a história da entidade, criada em 1983 por um pequeño grupo de cientistas visionários que sonhavam em incrementar a ciencia e a tecnología nas nações em desenvolvimento. “Eles eram poucos naquele tempo. Mas hoje, com muita energía e habilidade, a TWAS cresceu, contando hoje com mais 1.100 membros. Nações que eram muito pobres investiram em pesquisa e desenvolvimento, o que vem lhes trazendo significativos dividendos”, afirmou.
As reuniões anuais da TWAS são eventos científicos aos quais seus membros e líderes científicos globais não devem perder. Durante os quatro días do evento, apresentações e palestras dão à audiencia a oportunidade de conhecer mais a fundo a melhor ciencia feita em diversos países.
Novos membros
Para ser membro da TWAS, o pesquisador tem que ser membro da Academia de Ciências do seu país. Dos 52 novos membros eleitos, onze são brasileiros.
Na área de ciências agrárias, o professor do Departamento de Genética da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP) Ricardo Antunes de Azevedo foi eleito por sua contribuição ao entendimento do metabolismo dos aminoácidos nas plantações de cereais, que permitiram a produção de sementes melhores para consumo humano e animal, assim como o entendimento da resposta da planta ao estresse causado por contaminação de metais pesados.
Já a Acadêmica e presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) Helena Nader foi eleita na área de biología estrutural, celular e molecular. Chefe do programa de Biologia Molecular da Escola Paulista de Medicina (Unifesp), ela está atua em estudos filogenéticos, ocorrência e caracterização estrutural de sulfatos de heparina e heparinas, tendo sido a primeira pesquisadora a comprobar a presença de sulfaro de heparina em formas de vida organizadas em tecidos.
Na área de sistemas e organismos biológicos foi eleito o professor do Instituto Ciências do Mar da Universidade Federal do Ceará (UFC), Luiz Drude de Lacerda. Suas pesquisas contribuíram para o conhecimento dos mecanismos biogeoquímicos de controle de metais traço em manguezais e para a avaliação da contaminação por mercúrio no Amazonas, seu impacto sobre os seres humanos e a resposta à mudança de uso da terra, destacando a importancia do ciclo global de mercúrio.
Nas ciências médicas e da saúde, foi eleito Maurício Lima Barreto, professor e pesquisador do Instituto Coletivo de Saúde da Universidade Federal da Bahia (UFBA). Suas contribuições envolvem a compreensão das infecções por S. mansoni no nordeste do Brasil, o entendimento dos efeitos da vitamina A sobre a morbidade e mortalidade na infância e a ampliação do conhecimento sobre a epidemiologia de asma e alergias na América Latina.
Já a professora da área de química de produtos naturais Vanderlan Bolzani, da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Araraquara), foi eleita por sua pesquisa que identificou uma molécula básica, através da semi-síntese de um alcalóide natural, que está sendo testada pré-clinicamente para doença de Alzheimer.
Na área de astronomia e ciencias da Terra e do Espaço, foram eleitos dois pesquisadores. O professor Eduardo Luiz Damiani Bica, do Departamento de Astronomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), por ter estabelecido uma nova classe de clusters estelares usando detectores de infravermelho.
O professor e curador do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Alexander Kellner foi eleito por suas pesquisas sobre fósseis de vertebrados, que contribuíram para o entendimento da paleobiodiversidade existente, principalmente no período Cretáceo,em diversas regiões do mundo. Seus trabalhos ampliaram o conhecimento sobre como faunas de vertebrados evoluíram e como ecosistemas distintos se desenvolveram em priscas eras.
Na área da matemática, foram eleitos os professores Artur Oscar Lopes, da UFRGS, e Ivan Chestakov, da USP: o primeiro por seus resultados em dinâmica complexa e o segundo por sua expertise em álgebra não associativa, tendo confirmado a famosa Conjetura de Nagata. Os físicos Nathan Berkovits, da Unesp, e Adalberto Fazzio, da USP, também foram eleitos membros da TWAS em 2013 – Berkovitz por seu trabalho com super cordas e Fazzio pelo desenvolvimento de modelo teórico para o entendimento do comportamento de excitações ópticas e eletrônicas em elementos 3D em semicondutores.
Diplomação dos membros eleitos em 2012
Na cerimônia de abertura da 24ª Reunião Anual da TWAS foram entregues medalhas e prêmios, além de empossados os membros eleitos no ano anterior. Dentre eles estavam oito brasileiros: Anibal Vercesi (Unicamp), das ciências agrárias; Eloi Garcia (Fiocruz), da área de sistemas e organismos biológicos; Mauro Teixeira (UFMG), das ciências médicas e da saúde; o químico Jairton Dupont (UFRGS); o engenheiro Renato Machado Cotta (Coppe/UFRJ); Roberto DallAgnol (UFPA/Vale), das ciencias da Terra e do Espaço; os matemáticos Abramo Hefez (UFF) e Carlos Gustavo Moreira (IMPA).