A criação de Vice-Presidências regionais e da categoria de membros afiliados foram das primeiras iniciativas da atual Diretoria da Academia Brasileira de Ciências (ABC), logo após sua posse, há seis anos. Segundo o presidente da ABC, Jacob Palis, a Diretoria pretendia que as atividades da ABC se espalhassem por todas as regiões do país.
 
E a proposta de ter jovens de até 40 anos, com atuação científica de excelência, eleitos anualmente pelos membros titulares de cada região e ficando associados à Academia por um período de cinco anos, deu certo. “A iniciativa foi acolhida com grande entusiasmo por nossos Acadêmicos titulares, o que muito contribuiu para o seu sucesso” afirmou Palis, no seminário científico que precedeu a cerimônia de diplomação, realizados em Porto Alegre, no dia 22 de agosto.
 
Os novos membros afiliados do Sul e a liderança da ABC: Diogo Lüdtke, André Báfica,
Tábita Hünemeier, Jacob Palis, Francisco Salzano e Guilhian Leipnitz
Nesses cinco anos, os membros afiliados têm a experiência inédita de participarem das atividades da ABC. E também têm tido a oportunidade de organizar seus próprios eventos, como os Encontros Nacionais de Membros Afiliados, que ocorrem de dois em dois anos, alternados com os Encontros Regionais.
 
E todos os anos acontecem os Seminários Científicos de apresentação dos novos membros, seguidos da entrega dos diplomas. Nessa tarde, no auditório da Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o anfitrião Francisco Salzano, vice-presidente da ABC para a Regional Sul, convidou para compor a mesa o presidente da ABC; o diretor do Instituto de Biociências da UFRGS, João Ito Bergonci; e a chefe do Departamento de Genética Luciane Passaglia. Após os cumprimentos iniciais, as Afiliadas eleitas em 2008 Ida Schwartz e Ursula Matte falaram em nome do grupo que está terminando o mandato em 2013.
 
A bióloga Ursula Matte, chefe do Centro de Terapia Gênica e da Unidade de Análises Moleculares e de Proteínas do Centro de Pesquisa Experimental do Hospital de Clinicas de Porto Alegre, declarou que foi uma honra ter feito parte da Academia Brasileira de Ciências nesse período. “Esses últimos cinco anos foram de intenso crescimento pessoal e profissional na minha carreira científica. A oportunidade de participar das discussões sobre política de ciência e tecnologia no Brasil que ocorrem no âmbito da Academia e dos debates promovidos pelos jovens acadêmicos foi uma experiência única, que me engrandeceu não só como pesquisadora, mas também como cidadã.”
 
Para a médica geneticista Ida Schwartz, ser membro afiliado da ABC nesse período significou, em primeiro lugar, uma honra e um reconhecimento ao seu esforço e ao que ela chama de “incipiente trajetória profissional, acadêmico-científica”, até aquele momento. “E isto me deixou bastante emocionada. Mas entendi, também, como uma aposta no meu trabalho, no meu potencial de crescimento e como uma oportunidade, principalmente, de contato presencial com outros jovens e com renomados pesquisadores. A possibilidade de interação, de um maior conhecimento sobre como tudo funciona na ciência – não falo somente em termos de métodos, mas de políticas também -, foi, na minha opinião, o meu maior ganho.” Ela agradeceu à ABC e especialmente “ao professor Francisco Salzano, que fez a minha indicação e o que é o maior exemplo de mestre com o qual tive contato.”
 
A cerimônia prosseguiu com as apresentações de quatro dos cinco novos membros afiliados, dado que Marcelo Dietrich, atualmente nos EUA, não pôde comparecer, tendo enviado mensagem lida pelo membro titular que o indicou, o Acadêmico Diogo Souza. Lamentando a impossibilidade de estar presente, Dietrich dizia: “É com muita honra que recebo o diploma de membro afiliado da ABC. Para um jovem pesquisador, ser reconhecido por tal Casa e ter colegas de tamanho nível científico é fazer um sonho se tornar realidade. Esse, hoje, é um reconhecimento único e eu espero contribuir para enriquecer as discussões da ABC em prol de uma ciência brasileira de maior qualidade, difusão e impacto na sociedade. Minha felicidade hoje é dupla, por receber tamanha honraria e por ter a sorte, a fortuna que é ter meu maior mestre nessa trajetória científica, o professor Diogo Souza, recebendo esse diploma em meu nome. Muito obrigado.”
 
Após as apresentações e entrega dos diplomas, houve um coquetel de confraternização.
 
Conheça os novos Membros Afiliados da ABC/Região Sul nas matérias a seguir.
 
Professor da UFSC, André Luiz Barbosa Báfica estuda as substâncias produzidas pela bactéria causadora da tuberculose – o bacilo de Koch – e sente-se honrado por, após ter sido eleito Membro Afiliado da ABC, poder inspirar outros jovens a seguirem o caminho da ciência.
 
Professor da UFRGS, Diogo Seibert Lüdtke afirma enxergar na sua eleição como Membro Afiliado da ABC não só uma enorme honra, mas também um verdadeiro reconhecimento ao trabalho que vem sendo desenvolvido por seu grupo de pesquisas na área de moléculas quirais em catálise assimétrica.
 
Especialista na área de erros inatos do metabolismo, Guilhian Leipnitz – professor da UFRGS eleito Membro Afiliado da ABC de 2013 a 2017 – encontrou sua maneira de ajudar a sociedade: atuando no âmbito da pesquisa básica, ele melhora a qualidade de vida de pacientes portadores de doenças raras.
 
Fascinado pelo enorme potencial de crescimento da área, Marcelo de Oliveira Dietrich estuda o papel do cérebro na regulagem do apetite das pessoas, visando a um maior entendimento dos mecanismos envolvidos na propagação de doenças como a obesidade e a anorexia nervosa.
 
A professora de genética da UFRGS Tábita Hünemeier busca elucidar os fatores e processos envolvidos na coevolução entre gene e cultura que levaram à diferenciação das populações humanas atuais.