No período de 24 a 26 de junho, o Acadêmico Marcello Barcinski representou a ABC na reunião do Comitê Executivo do InterAcademy Council (IAC), realizada em Amsterdam, na sede da Royal Netherlands Academy of Arts and Sciences. Sendo esta a primeira reunião do IAC após a Conferência e Assembléia Geral da Rede Global de Academias de Ciências (IAP), um dos focos da discussão foi como melhor integrar a agenda do IAC às recomendações emanadas da Carta do Rio de Janeiro, aprovada pelas Academias de Ciências do mundo, em fevereiro de 2013.

Barcinski destacou na reunião que uma das preocupações centrais manifesta na Carta do Rio foi a definição dos mecanismos pelos quais as Academias de Ciências possam contribuir para a superação de alguns dos grandes desafios da humanidade no mundo contemporâneo, dentre estes a erradicação da pobreza. Reconhecendo ser esta uma agenda nova para as Academias, ainda se faz necessário identificar formas através das quais estas organizações podem desenvolver ações que possam ter um impacto efetivo. Segundo o Acadêmico, à medida que o sistema ONU encontra-se em pleno processo de definição da Agenda Pós-2015, onde serão definidas as Metas do Desenvolvimento Sustentável (MDS), e que os governos estão desenvolvendo processos nacionais de onde surgirão as contribuições de cada país para este debate, um campo de atuação evidente é o engajamento das Academias nestes processos nacionais. No entanto, reconhece Barcinski, esta é uma simbiose que ainda precisa ser construída.

Visando construir uma agenda que instrumentalize as Academias para ações neste campo, o IAP criou o Science for Poverty Eradication Committee, que será presidido por Jacob Palis, presidente da ABC. Segundo Marcos Cortesão, assessor da ABC que acompanhou Barcinski na reunião do IAC, a Academia Brasileira de Ciências está ora instalando um pequeno grupo de trabalho, que tem por objetivo justamente propor uma agenda para o Science for Poverty Eradication Committee.Este grupo de trabalho deverá traçar uma agenda que identifique focos e linhas de atuação, onde a ciência possa agregar a sua contribuição para a superação das desigualdades e assimetrias regionais. Mais que um compromisso ético, trata-se de uma sinalização das Academias de Ciências do mundo, indicando o seu compromisso em fazer ouvir a voz da ciência na discussão dos problemas em pauta.

Ao final da reunião, foi eleito o novo comitê executivo do IAP. A ABC foi reeleita para esse comitê, tendo sido a Academia sufragada com o maior número de votos.