“Bertha Koiffman Becker, geógrafa, eminente cientista brasileira, uma das maiores estudiosas da Amazônia, insistia na real possibilidade de um desenvolvimento sustentável na região, que aliasse desenvolvimento econômico e preservação dos recursos naturais. Colaborou intensamente com o MCTI na proposição de programas para a Amazônia que atingissem esse objetivo.
De seu Currículo Lattes, destaca-se que era Pesquisadora 1A do CNPq, com graduação em Geografia e História pela Universidade do Brasil (1952) e doutorado e livre docência em Geografia (ambos em 1970), pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em 1986 realizou pós-doutorado no Departamento de Planejamento e Estudos Urbanos do Massachusetts Institute of Technology (MIT). Era professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro e coordenadora do Laboratório de Gestão do Território – Laget/UFRJ. Membro da Academia Brasileira de Ciências e Doutor Honoris Causa pela Universidade de Lyon III, foi agraciada com as medalhas David Livingstone Centenary Medal da American Geographical Society e Carlos Chagas Filho de Mérito Científico da Faperj. Era consultora ad hoc de várias instituições científicas e membro do conselho editorial de editoras nacionais e estrangeiras. Coordenava diversos projetos de pesquisa e participa da elaboração de políticas públicas nos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Integração Nacional e do Meio Ambiente. Seu foco principal de pesquisa era a Geografia Política da Amazônia e do Brasil.
Membro da Comissão Científica da IV Conferência Nacional de C,T&I e da Comissão de Redação do Livro Azul que apresentou os seus resultados, Bertha Becker liderou as discussões sobre a necessidade de se superar a desigualdade de desenvolvimento regional por meio da agregação de valor à biodiversidade, da valoração de serviços ambientais da floresta, da inovação, da integração lavoura-pecuária-floresta nas áreas desmatadas circunvizinhas e da consolidação de uma base tecnocientífica para o uso sustentável do território. Cunhou uma feliz expressão que tem servido de inspiração ao novo paradigma de desenvolvimento tropical: Trazer valor ao âmago da floresta.
É com pesar que o MCTI registra seu falecimento, ocorrido no último sábado, e se junta às manifestações sobre a perda que representa para o Brasil a ausência de seu pensamento lúcido e arrojado, de seus valores éticos, de sua determinação, de seu bom humor, de sua esperança em um Brasil mais justo e desenvolvido regionalmente.
Só aqueles que perseguem as utopias conseguem remover os grilhões da vida real.
Descanse em paz, querida Bertha. Sua obra será cultivada por gerações.”
Marco Antonio Raupp
Ministro da Ciência, Tecnologia e Inovação
Luiz Antonio Rodrigues Elias
Secretário executivo do MCTI
Secretário de Políticas e Programas de Pesquisa e Desenvolvimento