A Acadêmica e professora emérita da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Bertha Becker, reuniu, na tarde do dia 18 de junho, amigos, familiares, cientistas e jornalistas para lançar seu mais recente livro, “A Urbe Amazônida”. O evento ocorreu em sua residência, no bairro de Copacabana, no Rio de Janeiro. Dentre os amigos presentes, esteve ao seu lado, o presidente da Academia Brasileira de Ciências, Jacob Palis.

Na obra, a autora investiga o desenvolvimento e as origens da urbanização amazônica, divagando-as segundo os pensamentos de Jane Jacobs e Peter Taylor. Desse modo, é feita uma análise sobre o surgimento das cidades como dispositivo impulsionador do crescimento econômico, bem como a relação entre as cidades surgentes e as regiões centrais.

“A história da Amazônia revela que a região ficou à margem do Estado brasileiro, na dependência das demandas das metrópoles e países estrangeiros, passando por curtos períodos de crescimento seguidos de longos intervalos de estagnação. Se em tempos coloniais a apropriação do espaço amazônico pelos europeus seguiu diferentes modelos – catequização por missionários portugueses e espanhóis; fundação de aldeamentos para exportação de drogas do sertão colhidas por indígenas, seguida de intensificação do comércio e urbanização (Portugal); conquista da terra e busca obsessiva por ouro (Espanha); fundação de colônias agrícolas e cooperação com grupos indígenas (Holanda) – em épocas contemporâneas o Estado brasileiro favoreceu a expansão da fronteira agrícola do Sudeste para ocupar a Amazônia, que ocorreu com a formação contemporânea de uma fronteira urbana de imigrantes. Por sinal, o Estado brasileiro historicamente têm-se caracterizado pela implementação de uma geopolítica de controle territorial da Região Amazônica, criando novas instituições administrativas (vilas, cidades, capitais) sem fomentar o avanço social (…) É urgente um novo padrão de desenvolvimento regional, capaz de melhorar as condições de vida das populações da Amazônia e superar as ameaças à sua sustentabilidade. O aproveitamento da biodiversidade frente às crises energética, climática e econômica releva a importância da floresta. Constituem novas e promissoras estratégias o mercado de carbono e outras medidas preservacionistas centradas em biomas, a atribuição de valor econômico compatível com commodities à floresta em pé, o reconhecimento do zoneamento natural dos tipos de vegetação, a recuperação das cidades como nós logísticos das redes e a criação de cadeias produtivas completas.” Este trecho, extraído do resumo do livro, está publicado no blog da autora.

De forma crítica e empírica, a geógrafa dedica-se a estudar a Amazônia há mais de três décadas. Em seus projetos, são sublimados os aspectos sociais, econômicos, históricos e espaciais da região – visitada incontáveis vezes durante sua carreira. Atualmente, aos 81 anos, Bertha Becker prossegue aspirando novas reflexões entre economistas e estudiosos da área, sendo, também, reconhecida por sua participação incisiva na elaboração de políticas públicas instituídas na Amazônia.