Assistir uma aula de qualquer lugar, e ainda receber tutoria personalizada? Sim! O ensino à distância, através de videoaulas, tem recebido uma enorme atenção recentemente, principalmente quando instituições como o Instituto Tecnológico de Massachussets (MIT, na sigla em inglês) e as universidades de Stanford, Harvard e Yale, geraram iniciativas com grande impacto na mídia, como o MIT-Opencourse, COURSERA, Khan Academy e o consórcio EdX. Essas iniciativas tem como
objetivo dar livre acesso a cursos ministrados por professores das instituições envolvidas.

A partir de projetos de pesquisa inicialmente financiados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj), desde o ano 2000), o grupo desenvolveu pesquisas em recuperação e distribuição eficiente de videoaulas pela internet. Com base nas pesquisas do grupo, a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP) apoiou o desenvolvimento dos resultados, de forma a tornar o protótipo do grupo um serviço da RNP, disponível em larga escala. “Esse serviço permite que universidades, ou professores, de qualquer lugar do Brasil possam montar videoaulas e disponibilizá-las através da RNP para acesso livre e gratuito”, destaca o Acadêmico. O serviço, chamado de videoaula@RNP e pode ser acessado pelo link http://portal.rnp.br/web/servicos/videoaula-rnp, é o resultado da transferência de tecnologia da Cope/UFRJ para a sociedade e conta hoje com quase 700 videoaulas de diferentes instituições de ensino.
Projeto apoiado pelo Google possibilita a percepção do tutor
Para Edmundo, o acesso ubíquo, ou seja, onipresente, a aulas ministradas por professores das melhores universidades, não é mais coisa do futuro e permite atingir milhares de alunos. Entretanto, grandes desafios ainda permanecem. Um desses desafios consiste na oferta de tutoria pois, apesar de ser uma parte importantíssima
do processo educacional, é muito difícil de escalar a uma grande massa de alunos. “Em uma aula tradicional, o professor, ao observar alguns alunos, pode inferir que sua explicação não está sendo entendida e então adaptar a aula de acordo com a reação dos alunos em classe. Expressões faciais dos alunos, por exemplo, são indícios importantes que os professores normalmente usam para avaliar se o material ensinado está sendo compreendido. Infelizmente, em uma videoaula, essa realimentação não é possível”, explica o Acadêmico.
Esse é o desafio do projeto que está sendo patrocinado pela Google. Denominado “Sistema de Recomendação Inteligente baseado em Videoaulas para Educação a Distância”, o projeto tem como objetivo inferir automaticamente o “estado mental” de um aluno assistindo a uma videoaula e adaptar a apresentação do material de acordo com esse “estado”. Por exemplo, a “atenção” de um aluno seria inferida a partir de entradas capturadas pelo sistema enquanto o estudante interage com a videoaula. O sistema prevê o uso de várias entradas, como expressões faciais do aluno capturadas por uma webcam, e sinais de sensores de baixo custo, como sinais de um eletroencefalograma, sinais de um bio-sensor de condutividade da pele, e ainda a movimentação do mouse. O projeto fará uso do serviço videoaula@RNP e terá como alvo inicial os alunos do curso de Computação do Cederj.
A pesquisa está sendo realizada pelo estudante de doutorado da Coppe Gaspare Bruno que, em conjunto com o mestrando Thothadri Rajesh, está desenvolvendo ferramentas para coletar dados para os experimentos que serão a base dos estudos para prever o “estado” dos alunos. Os professores Edmundo de Souza e Silva e Rosa Leão são corresponsáveis pelo projeto, que conta também com a colaboração de um ex-aluno do grupo, Fernando Silveira, hoje pesquisador nos EUA.