Ciência para o Desenvolvimento Sustentável e a Erradicação da Pobreza

1. A erradicação da pobreza e o desenvolvimento sustentável exigem que esforços sejam envidados para a superação de grandes desafios relacionados à saúde humana; segurança alimentar; acesso à água de qualidade e saneamento; conservação da biodiversidade; mudanças climáticas; previsão, prevenção e mitigação de desastres naturais; educação; e governança, dentre outros.
2. A superação destes grandes desafios demanda ciência e inovação. Sem a aplicação coordenada de inovações científico-tecnológicas, sociais e gerenciais, fica difícil desenvolver soluções para esses desafios complexos.
3. Academias de Ciências têm a capacidade e o dever de mobilizar as competências intelectuais das diferentes disciplinas e regiões do planeta, para auxiliar na identificação, enfrentamento e superação dos grandes desafios.
4. Ao contribuirem para a superação destes grandes desafios, as Academias de Ciências estarão se engajando na Agenda pós 2015 da ONU, ajudando a atigir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).
5. Para enfrentar o enorme desafio de erradicação da pobreza, as Academias de Ciências devem reafirmar as suas responsabilidades para com a sociedade, trabalhando individual e coletivamente para:
– Avaliar, em escala global, o estado da arte da capacidade científica, tecnológica e de inovação, identificando as fragilidades e potencialidades desta para enfrentar os desafios científicos relacionados ao desenvolvimento sustentável e à erradicação da pobreza;
– Fornecer à sociedade e aos formuladores de políticas públicas informações cientificamente embasadas sobre os grandes desafios enfrentados pela humanidade e suas potenciais soluções;
– Oferecer opiniões e recomendações independentes aos governos e tomadores de decisões sobre as melhores políticas – baseadas em ciência, tecnologia e inovação (CTI) – para se enfrentar os grandes desafios e as questões de pobreza. Tais recomendações podem ser oferecidas através de declarações e/ou estudos, elaborados a partir de sólidas evidências científicas;
– Participar e assessorar, em nível nacional e global, nos processos voltados para a elaboração da Agenda de Desenvolvimento Pós-2015, que estão sendo articulados pela ONU e pelos governos nacionais;
– Auxiliar na orientação de jovens cientistas, sensibilizando e estimulando-os a focar parte de suas pesquisas em projetos que busquem soluções para problemas críticos globais;
– Promover a participação de mulheres na ciência, e na busca por soluções dos grandes desafios;
– Fortalecer a compreensão na sociedade de que o empreendimento científico e tecnológico pertence a todos, independente de nacionalidade, religião, origem social e racial, ou gênero;
– Facilitar a ligação entre organizações que financiam pesquisas focadas nos grandes desafios e a comunidade científica, ajudando a promover uma maior participação, visibilidade e aumento de escala destes projetos. Ao mesmo tempo, tornar mais acessível a compreensão de CTI pelo meio empresarial, contribuindo assim para estimular a cultura da inovação nas empresas;
– Desenvolver um projeto inter-Academias que busque enfrentar o grande desafio de se fortalecer o letramento científico (“science literacy”) na sociedade;
– Fortalecer o interesse e a legitimidade social da ciência através da difusão de experiências de sucesso e estudos de caso, onde CTI tenham contribuído, de forma facilmente perceptivel pelo grande público, para a superação de problemas críticos e a redução da pobreza.
A versão final da Carta do Rio-2013, publicada em março de 2013, é o resultado da Conferência da IAP “Grandes Desafios e Inovações Integradas: Ciência para a Erradicação da Pobreza e para o Desenvolvimento Sustentável”, promovida pela Academia Brasileira de Ciências, nos dias 24-26 de fevereiro de 2013, no Rio de Janeiro, Brasil.
A Rede Global de Academias de Ciências (IAP), criada em 1993, tem como objetivo principal ajudar as academias associadas a trabalharem juntas para orientar governos e a sociedade sobre os aspectos científicos de questões globais críticas. A Secretaria da IAP é sediada pela Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS), em Trieste, e as atividades da IAP são apoiadas pelo Governo da Itália e por contribuições em espécie de academias de ciências de todo o mundo.