Seja por suas pesquisas nos laboratórios ou por seus ensinamentos nas salas de aula, a dedicação torna os cientistas reconhecidos e a admirados por seus pares, estudantes e demais interessados em grandes descobertas e teorias que aprofundam o conhecimento do homem sobre o mundo e sobre si mesmo. Concedendo o Prêmio Faz Diferença, o jornal O Globo compartilha destes sentimentos, prestando uma homenagem aos brasileiros que contribuíram para mudar a realidade do país.

Prêmio Faz Diferença – Dez Anos

Em sua décima edição, a cerimônia de entrega dos prêmios ocorreu dia 27 de março, no Hotel Copacabana Palace, no Rio de Janeiro. Segundo o diretor de redação do jornal, Ascânio Seleme, “a relação de premiados do Faz Diferença serve como um retrato de uma década da História do Brasil”. De acordo com ele, “é parte da missão do jornalismo reconhecer e estimular iniciativas positivas de cidadãos e instituições, além das já conhecidas atribuições de fiscalização e denúncia”.

Com a apresentação dos jornalistas Ancelmo Góis e Miriam Leitão, o Acadêmico e outras 17 pessoas foram premiadas, entre as quais o presidente do Supremo Tribunal Federal, Joaquim Barbosa dos Santos, como Personalidade do Ano. Na categoria Mundo, o vencedor foi Alexandre Feitosa; País, Carlos Ayres Britto; Rio, Liszt Vieira; Economia, Graça Foster; Revista Amanhã, Édilson Carlos; Revista O Globo, Marcus Vinicius Faustini; Caderno Ela, Alex Atala; Segundo Caderno/Cinema, Selton Mello; Segundo Caderno/Teatro, por Bibi Ferreira; Segundo Caderno/Música, por Gal Costa; Educação, por Isadora Faber; Segundo Caderno/Artes Visuais, pelo Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB); Desenvolvimento do Rio, a empresa L`Oréal Brasil; Esportes, José Roberto Guimarães; Prosa, a iniciativa Festa Literária Internacional das UPPs (FLUPP); Revista da TV, a novela Avenida Brasil. Saiba mais sobre os vencedores no site do Prêmio.

Os vencedores da décima edição do Prêmio Faz Diferença / Agência O Globo


A atmosfera da cerimônia encheu a platéia de entusiasmo com as histórias de vida de cada um dos premiados da noite. Os vencedores eram artistas jovens e seniores, chefes de grandes empresas e líderes de redes da periferia, grandes magistrados brasileiros, empreendedores sociais e ambientais, intelectuais proeminentes, enfim, uma diversidade de talentos que reflete a diversidade de ações em andamento no país.

Cientista faz a diferença

O Acadêmico Jerson Lima Silva venceu o prêmio na categoria Ciência e Saúde, concorrendo com o físico Alberto Santoro e o historiador e arquiteto Nireu Cavalcanti. Ele recebeu a maioria dos votos de vencedores das edições anteriores do prêmio, editores, jornalistas e dos leitores do jornal, o que ampara a decisão em um amplo conjunto de opiniões.”Este prêmio é especial para mim, porque demonstra o interesse da sociedade para as áreas de ciência e saúde, mesmo que elas dividam a atenção do leitor com outros temas noticiados pelo jornal. Já ganhei outros prêmios, mas este me deixa particularmente feliz por causa disto”, explicou o Acadêmico.

A felicidade do Acadêmico é a mesma da comunidade científica brasileira, que compreende a importância do diálogo com a sociedade e deseja estar presente na vida do país, participando do seu desenvolvimento científico, tecnológico e social. Nos dois últimos anos, os ganhadores do prêmio foram o presidente da ABC Jacob Palis e o pesquisador da UFRJ Stevens Rehen e, ano passado, o Acadêmico Miguel Nicolelis foi premiado na categoria Personalidade do Ano.

Jerson Lima é Professor Titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), diretor científico da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e diretor do Centro Nacional de Ressonância Magnética Nuclear Jiri Jonas (CNRMN), um dos principais centros de pesquisa da América Latina nesta área. É membro da Academia Brasileira de Ciências (ABC), da Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento (TWAS) e da Academia Nacional de Medicina. A maioria de seus trabalhos envolve alunos de graduação e de pós-graduação como co-autores e tem prestado contribuição expressiva ao campo da biologia estrutural, enovelamento proteico, montagem viral e no entendimento dos mecanismos responsáveis pelo dobramento errado de proteínas, importante em muitas doenças humanas, que incluem câncer, doenças de príons e doença de Parkinson.

Ao receber o prêmio das mãos de Ana Lúcia Azevedo, editora de Saúde e História, e Sérgio Fadul, chefe da sucursal do Globo de Brasília, além do currículo do cientista, sua trajetória de vida foi ressaltada: “O filho de um sargento e uma dona de casa, criado na divisa dos bairros cariocas de Rocha Miranda, Honório Gurgel e Coelho Neto, cuja paixão pela ciência e a medicina esteve presente ao longo dos 52 anos que possuía em 2012 quando já era médico, professor, um dos maiores especialistas brasileiros no estudo de proteínas associadas a doenças neurodegenerativas, além de diretor científico de uma agência de fomento à pesquisa onde ajuda a decidir o destino de um orçamento de cerca de R$ 400 milhões”.


Discurso de agradecimento

Na hora de fazer o discurso de agradecimento, Jerson Lima era o cientista brasileiro, o filho e o pai da família que constituiucom a Acadêmica Débora Foguel. E tentou atender a todos estes papéis que desempenha em seu discurso de agradecimento, homenageando seus pais, dividindo o prêmio com seus colaboradores e estudantes, e referindo-se às mudanças que espera ver na ciência brasileira:

Acadêmico discursa em agradecimento ao prêmio na presença dos jornalistas
Ancelmo Góis e Miriam Leitão

“Em sala de aula o professor pode falar muito, mas eu pretendo ser breve no discurso. Primeiramente, gostaria de agradecer ao jornal O Globo por me conceder este prêmio. E agradecer especialmente a presença dos meus pais: minha mãe fazia bolos e, com o meu pai, possibilitou que eu pudesse me dedicar inteiramente aos estudos. A pesquisa científica é uma atividade coletiva, e é uma grande honra dividir este prêmio com todos os meus colaboradores, estudantes, ex-estudantes, entre os quais está a minha esposa, que está presente, e é pró-reitora da UFRJ. Eu agradeço a quem trabalha comigo não apenas na universidade, mas na Faperj, onde estou como diretor científico, aqui representada, aumentando a minha honra, pelo presidente Rui Marques. Agradeço a presença do vice-governador do Estado do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão.

A ciência no Brasil tem feito progressos enormes, mas nós sabemos que este crescimento só vai se consolidar se o país investir mais e mais em ciência. Hoje temos cerca de 500 cientistas por milhão de habitantes, dez vezes menos que os países desenvolvidos. No passado, os cientistas dispunham quase que apenas dos próprios recursos para o desenvolvimento de pesquisas. Vej
a o exemplo de Carlos Chagas, que foi meu professor, e com recursos próprios fez um centro de pesquisa que hoje já tem mais de cinquenta anos. Hoje o Brasil tem agências de fomento para financiar pesquisas e bases cada vez mais sólidas. No futuro, talvez nós não traremos mais Prêmios Nobel para visitar o Brasil, nós teremos os nossos próprios. Temos muitos jovens talentos e a ciência tende a se intensificar no país. Quem sabe um jovem que hoje está na audiência, quem sabe a minha filha, não será o Prêmio Nobel brasileiro. Desejo ver a ciência cada vez mais transformando a vida dos brasileiros, tanto na minha área, a saúde, como em todas as outras. Muito obrigado!”