Assim, o episódio demonstra que a prática é capaz de modificar o cérebro e aponta a existência de períodos na vida em que essas mudanças acontecem com mais intensidade. Segundo o neurocientista e Acadêmico Ivan A. Izquierdo, a maior delas acontece quando deixamos de engatinhar e começamos a andar: “A criança, até os dez meses de idade, é quadrúpede. (…) Quando a criança começa a ficar em pé, descobre um mundo novo. Aí nascem novos neurônios, ou crescem conexões entre neurônios da vida bípede e morrem diretamente os neurônios que ele carregava da vida quadrúpede. Depois nunca mais na vida teremos uma perda tão gigantesca como essa.”
Também foram entrevistados o doutor em psicologia educacional da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP) Paulo Ronca e a neurocientista da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Suzana Herculano-Houzel. Além disso, a matéria conta a história de uma escola municipal da cidade mineira de Guarani, na qual – por sugestão de Elvira Souza Lima, coordenadora do Projeto Escrita para Todos – os professores utilizam-se de fundamentos da neurociência para preparar seus alunos para a alfabetização.
Sobre o Acadêmico
Izquierdo obteve seus títulos de graduação e doutorado em medicina pela Universidade de Buenos Aires. Atualmente, ele é professor titular e coordenador do Centro de Memória da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Além disso, o argentino também atua como coordenador científico do Instituto do Cérebro da instituição. Membro de 21 sociedades científicas nacionais e internacionais, Izquierdo recebeu mais de 60 prêmios e distinções ao longo de sua carreira e, hoje em dia, integra o comitê editorial de 25 revistas científicas.