A contribuição da ciência para a erradicação da pobreza é o tema da VII Conferência da IAP “Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável”, que acontece no Rio de Janeiro com a participação de 24, cientistas de 106 Academias.

Saúde e Segurança Alimentar


Protásio Lemos da Luz, Cláudia Collucci e Elíbio Rech

O pesquisador Elíbio Rech (Embrapa/Cenargem) e do médico cardiologista Protásio Lemos da Luz (USP), ambos envolvidos na mesa “Diálogos para o Desenvolvimento”, da VII Conferência da IAP “Ciência para a Erradicação da Pobreza e o Desenvolvimento Sustentável”, participaram da entrevista coletiva sobre o tema Saúde e Segurança alimentar.

Rech defende o conhecimento biológico local e a manutenção da biodiversidade como uma das formas mais eficazes para o desenvolvimento de políticas públicas para o enfrentamento de a insegurança alimentar. O aumento da produção de alimentos e garantindo o desenvolvimento sustentável. Além disso, é importante que as crianças estejam frequentando a escola e haja acesso às tecnologias e acesso ao próprio alimento para uma situação consolidada de segurança alimentar. Não se reduzindo a diminuição da produção de CO2 na atmosfera.

Embora seja de conhecimento público e alvo de constantes discussões na sociedade civil, de que o Brasil está entre os maiores consumidores de agrotóxicos no mundo, Rech afirmou desconhecer a existência do uso abusivo de defensivos agrícolas nas lavouras brasileiras. Ou do uso de venenos condenados por seu alto grau de toxicidade, colocando em risco a saúde humana e segurança alimentar.

O grande desafio que permanece para a ciência brasileira e à sociedade civil é de além de preservar a biodiversidade é o de sermos economicamente sustentáveis e competitivos, na busca por outro modelo de desenvolvimento econômico e social, de produção agroecológica. Esta é uma equação que continuará desafiando a ciência no presente e no futuro.

Na outra ponta da saúde e da segurança alimentar o Dr. Protásio Lemos da Luz salientou a importância qualidade da educação e da alimentação para o enfrentamento de doenças que metabólicas causadas por excessos na alimentação tais como a obesidade, diabetes conhecidos fatores de risco para doenças cardiovasculares, a principal causa de mortes no mundo. Segundo Protásio os fatores de risco para o aparecimento das doenças cardiovasculares são iguais nos países ricos e pobres. Ele acredita que em termos de políticas públicas para mudanças no estilo de vida são de extrema importância. “A Sociedade Brasileira de Cardiologia tem um convênio com o governo para a redução de 3g de sal nos alimentos industrializados”, informou. Protásio considera que o brasileiro tem mais acesso ao alimento, mas o cenário é preocupante quanto ao aumento da incidência de doenças cardiovasculares ocasionada pelo sedentarismo, obesidade e alto consumo de gorduras, proteínas e carboidratos.

A regulação da propaganda de alimentos, em especial direcionada às crianças, como uma forma auxiliar para a mudança de hábitos alimentares da população, não foi considerada um problema dos pesquisadores. Rech considera não ser papel de o governo controlar a propaganda de alimentos no país.

Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais


Carlos Nobre, Ana Lúcia Azevedo e Luiz Pinguelli Rosa

Os cientistas brasileiros Carlos Nobre (MCT/INPE) e Luiz Pinguelli Rosa (Coppe/UFRJ), em entrevista coletiva sobre o tema “Mudanças Climáticas e Desastres Ambientais”, afirmaram que um dos desafios da ciência para o desenvolvimento sustentável está na continuidade de pesquisas que permitam conhecer mais sobre os efeitos e consequências do aquecimento global para o futuro do planeta.

O pesquisador Luiz Pinguelli considera que os avanços da ciência na conjuntura das mudanças climáticas ainda são insuficientes, e que não há motivos para estarmos otimistas. A Conferência Rio + 20 pouco discutiu o clima, deixando evidente o quanto os governos nacional e internacionais estão avançando pouco nesta questão. Há um esvaziamento das reuniões, que discutem as mudanças climáticas, desde Copenhague em 2009, quando houve uma participação importante do ex-presidente Lula. Na ocasião o Brasil assumiu o compromisso de uma meta de redução de CO2 na atmosfera baseada na redução do desmatamento. “Contudo, precisamos tratar do consumo de energia. Aumentamos o consumo de gasolina e as termoelétricas estão todas ligadas queimando combustíveis poluentes”, afirmou Pinguelli.

As evidências de que estamos passando por um aquecimento da superfície do planeta são muitas. Os cientistas consideram que os resultados apresentados pelo IPCC (Painel Intragovernamental sobre Mudança do Clima), estão cada vez mais consistentes e o conhecimento sobre as mudanças climáticas na Terra avançou 50% em sete anos. Criado pela ONU em 1988, o IPCC tem a função de comunicar e orientar as ações dos cientistas frente às mudanças climáticas. “Sabe-se que a velocidade de mudança do clima é no mínimo 50 ou 100 vezes mais rápida do que foi na última era de glaciação da Terra, ocorrida há 20 mil anos”, completou Nobre.

O próximo relatório do IPCC está sendo produzido, mas os pesquisadores disseram não poder adiantar o seu conteúdo. Há previsão de que os relatórios dos grupos 1 e 2 sejam divulgados em 2013 e 2014.

O constante aumento da emissão de gases de efeito estufa tem sido considerado pela ciência um dos principais responsáveis pelo vertiginoso aumento da temperatura na Terra. A ação do homem sobre o ambiente vem modificando as condições de sobrevivência e pesquisadores consideram complicado ter expectativas de que a humanidade terá a capacidade de se adaptar às adversas condições climáticas. Esta questão também dependerá das pesquisas científicas.