Cientistas e demais interessados em ciência que tiveram acesso ao caderno de saúde do jornal O Globo do último domingo, dia 6 de janeiro, puderam ler a entrevista concedida pelo Acadêmico Eduardo Krieger, que presidiu a Academia Brasileira de Ciências entre 1993 e 2007, e reconhecer em suas palavras a busca pela aproximação entre o laboratório e a clínica – objetivo defendido pela medicina translacional.

Sendo um tema ainda pouco conhecido pela sociedade, a entrevista foi uma ótima oportunidade para difundir as propostas da medicina translacional a um número maior de pessoas, convergindo com a iniciativa das Academias Brasileira de Ciências e Nacional de Medicina, que realizaram um simpósio inteiramente dedicado ao tema em novembro de 2012. O leitor interessado pode ver nos links as opiniões de especialistas sobre o estado atual da medicina translacional e os desafios que essa prática vem enfrentando.

A repórter Flávia Milhorance encontrou o Acadêmico no Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e o resultado foi uma interessante entrevista na qual Krieger apontou a origem da medicina translacional a partir de uma defasagem entre a pesquisa e a prática médica existente há décadas. Nesse sentido, o que a medicina translacional pretende é acelerar a passagem entre estes dois estágios da medicina tendo em vista a aplicação de tratamentos, drogas, métodos novos em pacientes, o que estimularia a pesquisa básica a inovar, gerando um ambiente de pesquisa e prática médica que beneficiariam a população e a ciência.

O Acadêmico não acredita que a demora da medicina translacional em se tornar uma prática intensa no Brasil seja resultado de um baixo financiamento, pois ele até considera louvável a evolução da ciência brasileira. No entanto, Krieger defende que é necessário avançar muito mais rápido se o país quiser acompanhar os demais países, principalmente os desenvolvidos, como os Estados Unidos, que gestaram a medicina translacional. Em suma, os desafios para que medicina translacional avance no Brasil passam pelo exercício da multidisciplinaridade, da cooperação entre o setor privado e o público, pela difusão de centros de pesquisa e cursos voltados para a área.

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