Jacob Palis e Hilário Alencar da Silva
Coordenado pelo Acadêmico Hilário Alencar da Silva, presidente da Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), o Simpósio de Ciências Matemáticas aconteceu em 5 de novembro no auditório da ABC e contou com a presença de três jovens cientistas e um pesquisador sênior expondo os avanços e perspectivas referentes às suas respectivas áreas de pesquisa.
O primeiro palestrante foi Augusto Quadros Teixeira, pesquisador do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) e recebedor de prêmios como a ETH Medal e o Prix dês Annales. Teixeira falou sobre a percolação, “a passagem de um líquido dentro de um meio poroso”. Segundo ele, a percolação é importante não só na extração de petróleo, em que “o óleo tem que passar por pedras porosas para chegar à bomba”, mas também no esforço de entender redes sociais e elétricas, entre outras situações nas quais é necessário passar alguma coisa de um lugar a outro. A inovação do seu estudo está na introdução da possibilidade de que um único obstáculo possa impedir essa passagem: “Normalmente, todo mundo estuda obstáculos que são pedrinhas pequenas ou pequenos agentes mal comportados, mas ninguém estuda grandes catástrofes, grandes pedras no caminho.”
Assim como Pellegrino, visando a incentivar a integração de diferentes áreas da ciência, o terceiro conferencista, Thomas Lewiner, abordou a utilização de linguagem matemática geométrica ao invés de equações diferenciais nos computadores. Lewiner é professor associado do Departamento de Matemática da PUC-Rio e defende que, nos processos de simulação – em que o computador tenta traduzir a linguagem de uma equação física para a linguagem do computador – o uso de equações diferenciais não é nada adequado. “O computador vai cometer erros com certeza. Podem ser erros pequenos, que não vão mudar muito o resultado, mas algumas vezes são erros muito grandes.”
O último palestrante, Yuan Jinyun, secretário regional da SBM e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Matemática Aplicada e Computacional (SBMAC), discursou sobre a influência da matemática industrial no desenvolvimento econômico. O foco de sua exposição foi explicar a importância de integrar a matemática à indústria, buscando auxiliá-la na minimização de custos e aumento da produção, isto é, do lucro. Um dos fundadores do curso de graduação de matemática industrial na Universidade Federal do Paraná (UFPR), da qual é professor titular, Jinyun frisou a necessidade da criação de cursos não só de graduação, mas também de pós-graduação, na tentativa de romper o costume brasileiro de importar ao invés de desenvolver sua própria tecnologia.