O paper “Sinaptogênese induzida por astrócitos é mediada pela sinalização do Fator de Crescimento Transformante beta 1 através da modulação dos níveis de D-serina em neurônios do córtex cerebral” publicado no Journal of Biological Chemistry (JBC) pelo grupo de pesquisa liderado por Flávia Carvalho Alcantara Gomes na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), abre uma perspectiva para se entender como disfunções na glia podem se correlacionar com déficits sinápticos em diversas patologias neurais com déficit cognitivo, como Alzheimer, esquizofrenia e epilepsia.
O principal foco da pesquisa do grupo é investigar o papel das interações entre neurônios e células da glia (astrócitos) em diversos eventos do desenvolvimento cerebral, incluindo diferenciação celular, migração neuronal e formação de sinapses, além de suas implicações para o estabelecimento de doenças neurológicas.
O grupo identificou moléculas e suas vias de sinalização envolvidas na diferenciação de células-tronco neurais no córtex cerebral de camundongos e humanos. “Minha expectativa é que esse trabalho tenha um impacto importante no entendimento de como fatores extrínsecos, não autônomos, podem controlar a eficiência sináptica – inclusive em humanos, como esta pesquisa mostrou pela primeira vez”, explica a pesquisadora.
Flávia Gomes é professora titular do Instituto de Ciências Biomédicas e coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Morfológicas da UFRJ. Foi responsável pela idealização e coordenação do Instituto da Glia, uma rede temática sul-americana que tem como objetivo promover a pesquisa, ensino e divulgação científica na área da biologia das células gliais e patologias associadas. Também é chefe do Laboratório de Neurobiologia Celular. Foi eleita como membro afiliado da ABC para o período 2011-2015.

A pesquisa foi noticiada pelo jornal O Globo e repercutiu em sites especializados em ciência. Ela pode ser lida na íntegra no JBC, que é uma revista científica publicada há mais de cem anos pela Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular, o que atesta a relevância do trabalho desenvolvido pelo grupo.