No dia 29 de agosto, na sede da Fapesp, foi realizada uma reunião com presidentes de Academias nacionais de Ciências filiadas à Rede Interamericana de Academias de Ciências (Ianas) com o objetivo de intensificar a cooperação científica entre os países das Américas do Sul, do Norte, Central e do Caribe com o Brasil – especificamente, com cientistas do Estado de São Paulo. No encontro, a Fapesp anunciou um conjunto de oportunidades que possibilitará a pesquisadores indicados pelas Academias vinculadas à Ianas submeter à Fapesp propostas de financiamento de projetos. As pesquisas poderão envolver qualquer área do conhecimento e deverão ser realizadas em universidades e instituições de pesquisa no Estado de São Paulo.
Participaram da reunião o presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC), Jacob Palis; o vice-presidente da ABC e assessor da Diretoria Científica da Fapesp, Hernan Chaimovich; o diretor-científico da Fapesp e Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz; o Acadêmico Jailson Bittencourt de Andrade; o assessor técnico da ABC Marcos Cortesão; o Acadêmico José Eduardo Krieger, presidente da Academia de Ciências do Estado de São Paulo (Aciesp); Carlos Gonzales, presidente da Academia de Ciências Médicas, Físicas e Naturais da Guatemala; Claudio Bifano, presidente da Academia de Ciências Físicas, Matemáticas e Naturais da Venezuela; Hollis Charles, presidente da Academia Caribenha de Ciências; Jaime Rodríguez-Lara, presidente da Academia de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Colômbia; Jorge Huete-Pérez, presidente da Academia de Ciências da Nicarágua; Milcíades Mejía, presidente da Academia de Ciências da República Dominicana; Roberto Cignoli, presidente da Academia Nacional de Ciências Exatas, Físicas e Naturais da Argentina e Gustavo Francisco Gonzales Rengifo, secretário da Academia Nacional de Ciências do Peru. Ao final da reunião, o ministro de CT&I Marco Antônio Raupp e a Acadêmica Helena Bonciani Nader, presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), conversaram com os convidados estrangeiros.
Da esq. para a dir., Roberto Cignoli, Hollis Charles, Claudio Bifano, Marcos Cortesão,
Jailson Bittencourt, Jacob Palis, o ministro de CT&I Marco Antonio Raupp,
a presidente da SBPC Helena Nader, Milcíades Mejía, Gustavo F. G. Rengifo;
Carlos Acevedo Gonzalez, Jaime R. Lara, Jorge Huete-Pérez
As propostas de projetos deverão ser submetidas pelos interessados à Academia de Ciências de seu país de origem, que as encaminharão para a Ianas. Os projetos de pesquisa dos candidatos pré-selecionados pelas Academias filiadas serão submetidos ao processo de análise de propostas da Fapesp, que é baseado no mérito científico e utiliza revisores externos e pareceres de comitês científicos para embasar suas decisões. As propostas aprovadas serão apoiadas por meio da concessão de bolsas de Pós-Doutorado, do Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes e Auxílio à Pesquisa – Pesquisador Visitante.
Bolsas de Pós-Doutorado são concedidas pela Fapesp a cientistas promissores em suas áreas de pesquisa, que obtiveram o título de doutor há menos de sete anos. O Programa Jovens Pesquisadores em Centros Emergentes oferece bolsa e o financiamento necessário para que o pesquisador desenvolva seu projeto. Por sua vez, o Auxílio Pesquisador Visitante cobre as despesas da visita de pesquisadores experientes, vinculados a instituições de pesquisa do exterior ou do Brasil, a uma instituição de pesquisa no Estado de São Paulo, por um período de duas semanas a 12 meses.
“Não queremos tirar os cientistas de seus países, mas sim oferecer oportunidades para que eles tenham uma experiência de pesquisa no Estado de São Paulo, desenvolvam uma colaboração científica com pesquisadores daqui e depois voltem a seus países e continuem seus trabalhos”, disse o Acadêmico Carlos Henrique de Brito Cruz, diretor científico da Fapesp.
Histórico brasileiro
Segundo Marcos Cortesão, assessor técnico da ABC e ex-secretário-executivo da Ianas, a cooperação científica vem sendo encorajada pela Ianas com o intuito de promover a capacitação regional. “O objetivo é dar apoio aos países da região cujo conjunto de ações em C&T são menos articuladas”, disse. “O Brasil, por apresentar um quadro mais consolidado, pode ajudar nesse sentido.”
O país apresenta um histórico favorável no tocante à concessão de bolsas a estrangeiros que vêm ao Brasil cursar a pós-graduação. Um exemplo é o Programa de Estudante-Convênio de Pós-graduação (PEC-PG), oferecido pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e o Ministério de Relações Exteriores (MRE). O programa oferece bolsas de mestrado e doutorado para pesquisadores de países em desenvolvimento com os quais o Brasil mantém acordo de cooperação cultural e/ou educacional.
Outra iniciativa é o Programa de Bolsas CNPq-TWAS – a Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento, presidida por Jacob Palis -, que permite que jovens cientistas oriundos de países em desenvolvimento possam estudar ou desenvolver pesquisas em ciências naturais no Brasil, retornando posteriormente a seus países de origem. “Muitos pesquisadores latino-americanos optam pela pós-graduação brasileira porque não encontram cursos de mestrado e doutorado em seus países”, explicou Cortesão. “O Brasil oferece, ainda, aspectos favoráveis à adaptação desse pesquisador, como a cultura, o idioma e a proximidade geográfica.”
De acordo com Cortesão, como muitas vezes a oferta de cursos não acompanha a demanda – no caso de cientistas da AL – a ideia da Ianas é coletar as informações sobre essas necessidades junto às Academias de ciências vinculadas à instituição e divulgar as oportunidades. “Assim, surgirão novas iniciativas para demandas ainda não atendidas, a exemplo do acordo com a Fapesp”.
Fortalecimento das Academias de ciências
Na avaliação do vice-presidente da ABC, Hernan Chaimovich o convênio entre a Fapesp e a Ianas possibilitará atingir diferentes objetivos, como facilitar a descoberta de talentos científicos e aumentar a cooperação e integração científica nessas regiões.
Chaimovich lembrou que a ABC esteve presente e ativa desde a criação da Ianas, entidade da qual foi co-presidente de 2007 a 2010. Em suas palavras, a instituição nasceu com o objetivo de fortalecer as Academias do continente americano, seguindo a estrutura e as ações da Rede Global de Academias de Ciências (IAP). “A ideia de trazer cientistas jovens a São Paulo atende aos objetivos da Fapesp, uma vez que fortalece a ciência do estado, e da Ianas, pois capacita os bolsistas a desenvolver a ciência em seus países quando regressarem”.