Leia o artigo do Acadêmico Isaac Roitman, professor aposentado da UnB e presidente do Comitê Editorial da “DARCY”, uma revista de divulgação científica da universidade.
Hoje eu tive um sonho que me transportou para o ano 2030. Antes do sonho se refugiar em neurônios pouco acessíveis, passei a registrá-lo no papel. Nele eu estava lendo um relatório que não ficou muito claro se era da Unesco, do MEC ou do Conselho Universitário da Universidade de Brasília (UnB). Não importa a origem do relatório. O importante é o seu conteúdo que transcrevo abaixo:
“Nesse relatório foram destacadas as ações e os principais resultados das iniciativas que foram introduzidas na UnB nos últimos 20 anos. A conquista da autonomia plena, vencendo a batalha contra a exuberância burocrática, o individualismo da carreira-solo são motivos de júbilo. A responsabilidade social tornou-se um dos eixos da universidade. A capacitação de recursos humanos em sincronia com o projeto de nação, foram avanços imprescindíveis para a legitimidade e para a melhoria da qualidade de seus cursos de graduação e pós-graduação. A altíssima qualidade da pesquisa e uma extensão de impacto, recolocou a Unb, na posição de vanguarda. O salto de qualidade de seus cursos foi consequência do desenvolvimento e estímulo de ousadas experiências pedagógicas que ocorreram nas últimas décadas.
Uma importante transformação no cotidiano acadêmico foi adicionar aos 3 pilares tradicionais: ensino, pesquisa e extensão, um quarto pilar que é a cultura que tem um papel fundamental na direção do aprimoramento comportamental e espiritual e na inclusão social. No seu majestoso campus Darcy Ribeiro e nos outros campi distribuídos na maioria das cidades satélites ocorrem diariamente eventos culturais e científicos que foram apropriados pela comunidade acadêmica e pela sociedade do Distrito Federal, sobretudo pelas crianças e adolescentes. Da mesma forma que o muro de Berlim, o muro que separava a Universidade da Sociedade foi sendo demolido tornando os campi como habitat cotidiano para todos.
Um grande salto ocorrido a partir da segunda década do século XXI foi à criação do Decanato de Pré-Graduação. Essa inovação proporcionou ao longo dos últimos anos um verdadeiro salto de qualidade na educação básica brasileira. Esse Decanato colocou como prioridade a formação primorosa de professores do ensino básico, instrumentalizando os mesmos para serem sistematizadores do conhecimento, estimuladores da curiosidade, usuários e protagonistas do pensamento científico, identificadores e mediadores de conflitos, a serviço da formação adequada de crianças e jovens do século XXI. Em adição esse Decanato criou instrumentos de protagonismo permanente entre o ensino superior e o ensino básico na conquista de sua qualidade plena.
Além disso, recriou o CIEM (Centro Integrado do Ensino Médio) que teve vida curta (1964 até 1971) deixando porém, um legado importante. O novo CIEM tornou-se um paradigma para os colégios de aplicação ligados às universidades e foi o cenário de vitoriosas experiências pedagógicas responsáveis pelo salto de qualidade do ensino básico brasileiro. Decanatos de Pré-Graduação, foram criados em outras Universidades públicas, inspirados pela iniciativa pioneira.”
No sonho, a UnB reabilitou os anseios de seus fundadores, alimentando a nossa esperança por um Brasil melhor. É pertinente aqui relembrar a reflexão de Augusto dos Anjos: “A esperança não murcha, ela não cansa, também como ela não sucumbe à crença. Vão-se os sonhos nas asas da descrença, voltam sonhos nas asas da esperança”.